quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Exercício de edição

Consegue melhorar este texto? É necessário/possível?
Se quiser tentar, copie e tente.

O Estado de direito social

por CELESTE CARDONAHoje3 comentários, DN, 31/10/13
Não pretendo, como é óbvio, dar lições sobre os conceitos de Nação e de Estado. Em todo o caso, o Estado tende a ser, justamente, a correspondência política da comunidade de natureza histórica, cultural, religiosa e linguística que é a Nação.
Neste sentido, o Estado significa o conjunto de instituições que controlam e administram uma Nação, país soberano com estrutura própria e politicamente organizado, como decorre da definição que consta do Dicionário Houaiss.
Também não pretendo elaborar sobre uma evolução da história da criação do Estado que é longa, diversificada e complexa desde os tempos da proliferação de poderes e da justificação divina do poder até aos nossos dias.
Recorde-se, aliás, que parece possível dizer que a primeira manifestação histórica do Estado moderno foi o Estado absoluto, dado que teria sido nessa época histórica que foi abandonada a justificação divina do poder político.
O monarca deixou de ser "o dono" do Estado, para passar a ser o seu "primeiro servidor" cumprindo-lhe tudo fazer para prover a felicidade e o bem-estar dos súbditos (Cf. Reis Novais, Os Princípios Constitucionais Estruturantes, página 33).
Só mais tarde e de par com a evolução das próprias comunidades, foi sendo construído o Estado de direito liberal, o Estado de legalidade (material e formal) e o Estado social e democrático de direito que é fundado e delineado juridicamente nas Constituições Mexicanas de 1917 e de Weimar de 1919.
O modelo de Estado moderno assenta em dois pilares fundamentais: (i) o da limitação jurídica do poder e o (ii) das garantias e de protecção dos direitos individuais.
Apesar da evolução dos modelos de Estado (hoje fala-se de Estado de garantia, Estado de bem-estar, Estado regulador) uma coisa temos por certa: o direito modela, limita e garante que os diversos organismos do Estado, quando agem e proferem decisões, estão a acatar o quadro legal prevalecente encimado no topo da pirâmide pela Constituição.
Em Portugal e na sequência dos "desvarios" cometidos pelos anteriores governos, foi necessário combater a crise financeira e a crise das dívidas soberanas, para o que foi preciso celebrar um acordo internacional para nos emprestarem dinheiro.
Não dispúnhamos de fundos e os "mercados" não se mostravam disponíveis para nos emprestar mais do que já haviam emprestado. Estávamos em situação de pré-falência!
Os portugueses perceberam e interiorizaram esta situação. Aceitaram sem grande queixume os sacrifícios que lhes foram impostos. Eles sabiam e sentiam que só a sua capacidade de resignação e de "partilha" das suas próprias expectativas e direitos legítimos, seria susceptível de resolver o problema do País em que nasceram e onde querem continuar a viver.
Mas sabiam e, por isso pretendiam ter a certeza de que estes sacrifícios e estas "agressões" aos seus direitos e expectativas tinham limites.... os limites da lei!
A sua capacidade de aceitar de forma serena e tranquila a "violação" da sua esfera pessoal e patrimonial repousou em duas considerações fundamentais: (i) a de que ela era útil, e a de que (ii) não ultrapassaria os limites da razoabilidade, da proporcionalidade e da justiça, tal como definidas na Constituição.
Neste sentido, o povo português no seu conjunto tem sido um exemplo ímpar de capacidade, de tenacidade e de compreensão das razões que motivaram a situação "terrível" e "angustiante" em que vive.
Não compreendo, pois, que neste quadro se possa considerar legítima qualquer forma de "pressão" ou outra, sobre a eventual posição que o Tribunal Constitucional venha a tomar, no caso de ser eventualmente pedida a respectiva intervenção por parte de qualquer titular dessa competência.
Pois se, como vimos, o poder é limitado (e, bem) e se é o Tribunal Constitucional que pode (é titular dessa competência) verificar do cumprimento de tais limites é, naturalmente, perante ele que pode e deve ser suscitada tal apreciação.
O Estado de direito é assim! É uma garantia civilizacional de que não somos "pertença" do monarca; outrossim, devemos por ele ser "servidos".
https://www.facebook.com/events/441559052630357/?ref=2&ref_dashboard_filter=upcoming

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Liberdade À Propinquidade

O editor André Conti ( da editora Companhia das Letras)  fala sobre como é trabalhar com tradutores dentro de uma editora. Interessante ver a promiscuidade da relação entre editor e tradutor.

Ver aqui : http://ewordnews.com/ptbr/literary-news/2013/10/20/freedom-of-propinquity

Voltará a literatura portuguesa ganhar um Nobel?

Achei esta pergunta particularmente interessante nesta noticia do Público. Gostaria de saber o que a turma acha em relação a isto.

Vejam aqui:



http://www.dn.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=3499609

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A leitura está a mudar e assume várias formas

Conclusões de um relatório apresentado hoje na Gulbenkian. Artigo no jornal Público.

Lídia Jorge, Português, língua de distância


Português, língua de distância


Lídia Jorge *
É muito perigoso o nativo de uma língua discorrer sobre ela. Quando uma pessoa menos se apercebe, já invocou os maiores poetas da nação e já lhe chamou de tudo o que de melhor existe em termos de imagem e tropo - rio de mel, campo de flores, doce teta, mãe eterna. Não admira. A língua, na plenitude do seu uso, é um instrumento da inconsciência. Pensar nela a partir de dentro, só pode resultar no agradecimento da sua virtude e descrição da sua bondade. Fale-se da língua materna e o mais universalista fica patriota, o mais estrangeirado sente-se saudoso, o mais irónico torna-se reverencial. Por isso mesmo, não costuma ser um erro escutar o que os outros, os das outras línguas, dizem da nossa própria.

Nesse domínio, existe uma asserção atribuída a Cervantes bastante reveladora. Terá o autor de El Quijote dito, ou mesmo deixado escrito, que "O Português é o Espanhol sem ossos". Os próprios portugueses o repetem numa versão porventura mais próxima do original - "El portugués es el castellano sin huesos" - para melhor saborearem a ironia ou o despeito que desencadeia.

Claro que existe neste raciocínio uma redução própria de vizinhos bastante curiosa, mas não me parece que esta seja uma afirmação propriamente difamatória, e além do mais contém em si elementos que permitem iluminar traços distintivos daquilo que é a nossa fala. É que, para os outros - e a língua nasce em nós mas dirige-se para os outros - antes de ser um sentido, ela é, primeiro que tudo, um som. E não deixa de ser verdade que em comparação com as vértebras e as formações galopantes da língua espanhola de Espanha, a língua portuguesa desdobra-se como um corpo falado suave. A imagem é primitiva, e pode roçar o simplório, mas é verdade que, comparando as duas mais importantes línguas ibéricas, em termos de som, o espanhol contém no seu andamento uma espécie de cavalo a trote, várias patas movendo-se rápida e sacudidamente, sua crina altiva, sua unha protegida e ferrada. Enquanto que o som do português, nasalado e gutural, íntimo e grave, por vezes soturno, como o russo ou o polaco, desenvolve-se como a modulação dum líquido que corre. Claro que há muitos tipos de líquido e muitos tipos de curso. Nós, pela proximidade, como não poderia deixar de ser, associamo-lo à ondulação do mar. Um vaivém contínuo e grave, rápido com ar de lento, intenso com som de esbatido, faz do seu fluxo frásico, um corpo quase horizontal. Deduza-se o que é possível deduzir da eventual asserção de Cervantes - O português nada tem a ver com o espanhol, nem dele faz parte. Ou vice-versa. As estruturas profundas das duas línguas são diferentes, as suas naturezas enquanto fala e idioma, são distintas. Essa distinção é de vária ordem e pode ser descrita. Mas para simplificar a poética ensina que existem metáforas. Assim sendo, aceite-se que a ossatura do Português é feita de uma outra matéria com outra consistência. Ou que à consistência suave do seu som, corresponda em termos de vitalidade, uma outra energia.

Só assim se compreenderá que o português, falado por menos de um milhão de indivíduos, na altura dos Descobrimentos, se tenha expandido a ponto de se transformar na primeira língua franca de contacto universal, entre os séculos XVI e XVII, e que, transportada apenas por um punhado de soldados, mercadores, aventureiros e piratas, tenha deixado traço da sua presença um pouco por toda a parte como língua de contacto entre o Oriente e o Ocidente. Que de forma tão desordenada e dispersa, à margem de qualquer controlo político, tenha deixado vocábulos nas regiões mais improváveis, e em troca tenha incorporado tão profusamente variantes dos vocabulários visitados, entre eles os africanos e os ameríndios, ou que ainda hoje continue a possibilitar alterações sintácticas arrojadas no interior da própria estrutura sem perder o carácter, o que permite que seja falada por cerca de 200 milhões de pessoas, sendo a terceira língua europeia mais difundida e a sétima mais falada à escala do Mundo.

A história vem em todos os manuais, não vale a pena repeti-la senão em condensado - Um falar neo-latino, comum à actual Galiza e à província do Minho, desenvolveu um certo carácter lírico subtil e uma certa narrativa própria, e no século XII, uma parte dessa primitiva linguagem cindiu-se, desceu rente ao mar, a toque de espada, a caminho de Lisboa, e lá no Sul, por acaso, sem grande resistência, esperava-o o árabe com o qual conviveu e de quem tirou música e vocábulos. Quando o Atlântico chama os portugueses para os Descobrimentos, é uma língua ainda rude e arcaica, mas já bem consolidada na sintaxe e na morfologia, a que embarca nas caravelas. Dois séculos volvidos, e o português voltará, depois dos naufrágios e de ter visto as estrelas de quase todo o Globo, transformada na língua da exaltação e do Império Universal, a que Camões acabou por dar genialidade não só no elogio erudito e alatinado de "Os Lusíadas", mas também na subtileza lírica dos poemas de sentimento e amor. Ao lado do português dos comerciantes, guerreiros, mercadores de escravos e piratas devotos, à medida da ideologia de então. O que quer dizer que e língua estava pronta para se transformar num instrumento poderoso de domínio, paredes meias com o rosto oficial da civilização, segundo a lógica implacável do tempo. Durante dois séculos, o português encontrou-se na situação de língua imperial. A língua, cujo som parece não possuir ossos que a sustentem, foi capaz disso.

Mas não foi capaz de manter no terreno as outras façanhas que o rodar dos tempos exigiam. Metrópole demasiado escassa para um corpo demasiado grande e sobretudo demasiado disperso, por vezes até impalpável, a partir do século XVIII, o país não acompanharia o passo das nações mais desenvolvidos, em termos de indústria, cultura e civilização, e ficaria para trás. Naturalmente que a Língua também ficou. Ficou prisioneira da sua prosódia barroca e circular, sua sintaxe repetitiva, suas imagens arcaicas, rente aos salmos, às rezas e à imagem das flores campestres. Data daí a matriz do recurso aos artifícios da linguagem abstracta para evitar a vida, ao primado da forma sobre o conceito, da divagação sobre a Filosofia, do desenho da frase sobre a densidade do argumento. O que quer dizer também que data desse tempo a língua que formou o nosso modo profundo de dizer, que se pôs a resistir, e tem vindo a refluir às ondas, pelo Século XX adiante. Quando menos se espera, a nossa carruagem barroca, escura e engalanada, reaparece, e demora sempre a partir mais do que convém.

Aliás, a língua escreve-nos profundamente, ou o tempo em simultâneo escreve nela o que em nós inscreve. Talvez essa contiguidade de causa e efeito justifique a tradicional defesa rústica de grandezas inventadas, o que em relação às línguas se traduz com frequência em termos de desejo de imobilidade. Curiosamente, num país, criado por uma língua que se fez de assimilação natural com o diferente e o longínquo, a perspectiva deliberada de assimilar, de recriar, de transformar, ou de inventar em torno dela, costuma ser interpretado como uma hipotética perda de vitalidade e até de natureza. O receio de ceder, de negociar, de incorporar, de criar em conjunto, e ao fim ao cabo, o medo de modernizar, continua a ser uma constante. Essa não é uma prerrogativa portuguesa, mas entre nós, pelo alcance simbólico, que a questão da língua atinge, torna-se bastante surpreendente observar como parte da população culta reage face à eventualidade de mudança. Todo o neologismo começa por aparecer com o labéu de corpo infecto. Ao contrário da vertente do português de África ou do Brasil, o português da Europa, prefere absorver expressões estrangeiras, na íntegra, sem as traduzir nem lhes tocar. O que não deixa de suscitar interpretações curiosas sobre a forma como o português olha o Mundo, empresta de si ao Mundo, e dele tão mal se sabe servir.

Seja como for, nunca a língua portuguesa, se encontrou à beira de se ossificar. À margem da batalha do purismo, que remete para universos conservadores e tem como horizonte ambientes arcaicos e míticos, sempre houve uma corrente subterrânea imparável, aberta à viagem, à contaminação e ao desejo de experimentar o diferente e de o fazer seu. Durante o século XIX, escritores como Almeida Garrett e Eça de Queirós, deram conta dessa boa vulnerabilidade da língua, tendo incorporado léxicos novos e modernizado a sintaxe. O movimento simbolista e depois o modernista descompuseram a língua, subverteram-na, recriaram-na, urbanizaram-na, em correlato directo com uma franja da sociedade portuguesa que conseguia impulsionar através das Artes Plásticas e da Poesia, um movimento vanguardista notável. Almada Negreiros e Fernando Pessoa nascem desse movimento que escreve uma língua desejosa de transpor fronteiras. A aventura de Pessoa nasce aí mesmo, na confluência da prática de duas línguas, a inglesa, sua instrutora escolar e literária, e a portuguesa, familiar, dramática e densamente oculta. Aí nasce e cresce Pessoa para a sua infinita inquietação de viagem. E com ele o sintoma duma outra forma de língua que não havia.

Aliás, a parte mais significativa da viagem literária portuguesa ao longo do século XX dá conta da tentativa de desinibição persistente na realização plástica duma língua que se transformava no sentido da modernidade, pela abertura, desestrutura, reinvenção, contaminação pelas outras línguas e outras linguagens provenientes do contacto voluntário ou forçado com o Mundo. Depois da Segunda Guerra, foi primeiro a emigração para a América do Norte e América do Sul, depois o exílio político e a emigração para países da Europa que abriram os olhos com que se produziu um novo corpo da língua portuguesa, dispersa pelo Mundo duma outra forma. Porém, terão sido as guerras colónias de África, o motor mais forte na alteração do modo de pensar e de dizer, já que se tornou necessário que a antiga língua imperial passasse sob as botas ensanguentadas dos soldados portugueses, abandonadas no capim, para que se recolhesse ao seu lugar não hegemónico. A língua que regressa de África, com a eclosão do 25 de Abril, é uma língua de alegria e de liberdade, mas bastante humilde e pronta à fraternidade, porque trabalhada pela dor. Aliás, a Literatura portuguesa actual, nas suas formas várias, encontra-se ainda sob o impacte desse momento longo de treze anos, que só em parte já passaram. Em metamorfose para uma nova era, entre outros, Manuel Alegre, poeta sem distância entre a língua e a vida, tinha soltado o grito de testemunha por um "Nambuangongo" invisível.
Em Nambuangongo tu não viste nada
não viste nada nesse dia longo
a cabeça cortada
e a flor bombardeada
tu não viste nada em Nambuangongo.
"Tu não viste nada" - Era a acusação que se fazia a um país inteiro que fingia não ver. A Literatura portuguesa mais viva e mais elaborada entre nós, continua a sair dessa brecha recente que uns testemunharam, outros viveram em diferido, noutros locais e de outros modos, por vezes não menos violentos. E na sua substância íntima, a língua portuguesa que se fala hoje ainda é essa, a da testemunha dum corte tardio, injusto para ambos os lados, mas que deixou uma capacidade de ver o mundo, mesmo longínquo, por uma lente fraterna, agora que os locais de violência bem mais visíveis, não falam só português, mas também inglês, francês, espanhol, russo e até alemão, como há vinte anos não se imaginava.

Na verdade, em cada dia nasce uma nova era, um novo mundo, e possivelmente cada língua, em cada momento, é sempre outra. Os países africanos que falam a língua portuguesa - ou que ainda legitimamente duvidam sobre se a devem falar e escrever ou não - têm novas realidades para contar, outro sofrimento, outra guerras intermináveis, e também outro tipo de esperança e outra visão do seu próprio mundo. Para o exterior, porém, ainda o dizem em português. Os portugueses também falam em português do que testemunham em África, chamando a esses países, em termos de língua, países irmãos. Mas não vai ser fácil manter esse laço.

É que esta língua que se fala hoje em sete países - ou oito, se assim o entenderem os timorenses - e dá corpo a várias Literaturas e ocupa o sétimo lugar no Mundo, atravessa um estranho tempo de dissensão entre a matriz europeia e a sua descendência mais vistosa. Como se sabe, o Brasil contribui com 160 milhões de falantes, para a totalidade dos 200 milhões da mesma fala, ocupa sozinho dois terços dum continente, tem uma economia indomável, para além duma Indústria de Artes invejável e uma Literatura poderosa. A proximidade com os Estados Unidos fornece-lhe um modelo avassalador que deseja seguir, e a sua mundividência, própria duma sociedade recente, revela uma vitalidade de fábula. Além de que a criatividade da vertente da sua fala é imensa. Compreende-se. - Ainda que não o declare, o Brasil político sente-se, por direito próprio, apoiado na grandeza geográfica e dimensão da sua população, como o novo dono da língua, e essa pretensão que não está claramente sobre a mesa, afinal está sob a mesa. Também neste campo, Portugal e o Brasil, colocam-se diante do tabuleiro, movendo as pedras, como adversários, sem o dizerem. Só assim se entende, as comédias que se têm desenrolado, em torno do Acordo Ortográfico assinado em 1990, ou da celebrada Comunidade dos Países de Língua Portuguesa criada em 1994, até agora, para nada.

Naturalmente que uma língua que move entre 300 mil a 400 mil vocábulos, que tem uma plasticidade sintáctica e semântica provada, tanto remota quanto recentemente, não corre o risco de desaparecer, nem de minguar a sua criatividade nem as suas Literaturas, pela ausência de elementos estruturais de coesão. Mas corre o de se enfraquecer, perder vitalidade, dissolver-se como força linguística válida no diálogo das culturas, e sair do número das línguas mais faladas onde por direito se encontra, tornando muito mais difícil grande parte dos seus falantes dispersos acederem aos benefícios próprios das sociedades pós-industriais. É verdade que o Inglês é falado por quarenta e sete países, o francês por vinte seis, o árabe por vinte e um, o espanhol por dezanove, o português por sete. A pergunta que convém fazer é qual dos outros idiomas ocidentais, nos próximos anos, irá aumentar o números dos seus associados. Claro que as línguas são sempre muito mais fortes do que as suas políticas. Indomáveis e imprevisíveis como os seres humanos que as falam. Mas face a desentendimentos tão arrastados, em boa língua portuguesa, tão suave, tão de abraços, tão de música, uma pessoa é levada a colocar mais maldade do que vê à primeira vista, na frase atribuída a Cervantes.
_____________
 Publicado no dossier "Portugal, Proue de l'Europe",
Revue des Deux Mondes (Paris, março 2000)

"Para Onde Vão os Guarda-Chuvas" - Afonso Cruz | 30 de Outubro | 22h | Bicaense

sábado, 26 de outubro de 2013

https://www.youtube.com/watch?v=zX54DIpacNE

26 de outubro de 2013 18:17
O Dadaísmo (?) de Banksy:
numa critica ao mercado, Banksy vende obras por 60 dólares numa feira de rua em Nova York.
Art Sale
This video is about BNY13.01

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Na Fundação José Saramago


Contra Capa do livro "Outro Tempo", de W. H. Auden

W. H. Auden publica, em 1940, "Outro Tempo", num exílio voluntário nos E.U.A., aquando o começo da 2ª Grande Guerra Mundial.

Auden, segundo Carlo Izzo, tem na sua poesia quatro aspectos de união: União entre a atracção da Arte pela Arte e que esta não determina a História; entre o saber desinteressado do humanista e o conhecimento ao serviço do povo; entre o marxismo e aspiração a uma necessidade de liberdade; entre a efemeridade do amor-paixão e o amor pela humanidade.

Neste livro, Auden tem um olhar lúcido, poético, descritivo, conceptual e intelectual da realidade, da sociedade, do amor e de grandes figuras das Letras.


(...)Só nos teus olhos, amor,
Poderia eu saber
O que temos de aprender,
Que só a nós nos amamos:
Ardido o nosso terror,
Podemos por fim dizer:
"Este é todo o saber,
Que a existência nos basta,
Que em solitária agrura,
Ou no jogo do amor
Toda a viva criatura
É Homem, Mulher ou Criança."

W. H. Auden

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Contra Capa

                                                             Contra capa

“Verdadeiro Método de Estudar” de Luis António Verney, onde podemos encontrar e retirar os ensinamentos que interessam à arte literária, contidos nestas cartas.

Nesta obra, o autor transpõe de forma sucinta, o que pensa sobre a Retórica o seu estudo e a poética, através da crítica que dirigiu à criação barroca, que se resumia na procura de manifestação a particularidade, onde esta era dispensável mas como “perspectiva da razão” como habilidade de nos expressarmos de forma convicta e ordenadamente. Revisa exemplos académicos de forma eloquente, mas sobretudo da exaltação sagrada portuguesa em especial do Padre António Vieira, para acusar o pensamento levemente alegórico e analógico, as delicadezas sofistas na explicação dos acontecimentos bíblicos isolados no texto, o excesso de representações figurativas.

O surgimento do verdadeiro método de estudo do autor em 1746, indicava um pensamento neoclássico dominante, cujos parâmetros foram reconhecidos dez anos mais tarde pela Arcádia Lusitana como: clareza discursiva, modernidade do léxico, “método, critério”, decoro e utilidade. Utiliza por isso, a forma epistolar de carácter doutrinário, para ensinar através das cartas V e VII ensinar o “verdadeiro uso da retórica”. A retórica nasceu na Grécia e espalhou-se pela Europa querendo os gregos expandir aos povos  várias coisas: a observação da persuasão de como eles reagiam, e moviam as paixões e a coragem.

O conteúdo das informações essenciais que servem de base para o raciocínio principal de Luís António Varney, é referente à orientação das escolas portuguesas, que contribuí para as estruturas futuras do país.

 

Luis Varney, autor do “Verdadeiro Método de Estudar”, o mais conhecido e ativo estrangeirado português, colheu com a sua partida para Roma, os pensamentos de renovação que iluminavam a Europa.

Nas cartas V e VI incluídas na obra do Verdadeiro Método de Estudar, o autor denuncia os muitos problemas  que verifica no ensino e na prática da retórica em Portugal.

Na opinião do autor, a razão é o que comanda e orienta o ensino em Portugal, e é com base nesta razão, que as novas soluções de transformação são expostas.

As suas críticas atingiram uma grande polémica em Portugal. Como afirma Eduardo Teixeira de Carvalho Fillho, Verney representou “uma voz dissonante dentro da cultura letrada portuguesa do século XVIII. No entanto, à parte dessa resistência, as ideias renovadoras deste autor foram bem recebidas por muitos portugueses.”

Fernandina Rosiello

 

É ja na próxima quinta-feira, 24 de outubro, o lançamento do livro
"Carlos da Veiga Ferreira: Os editores não se abatem", de Sara Figueiredo Costa, na Casa dos Bicos, às 18h30.
A apresentação será feita pelo editor Nelson de Matos.














A título de curiosidade.

Algumas capas da edição original britânica.










Uma péssima capa!

A capa do número 2 da Granta é, no mínino, desadequada, demagógica, pobre e estupidamente pretensiosa!

Opiniões?



A arte da tipografia. 

Como comunicar com eficácia através dos tipos de letra.



Página extraída da Bíblia de Grandval.
A página revela a progressão nos tipos, letra capital, uncial e as minúsculas carolíngias (estabelecidas por Alcuin de York na corte de Carlos Magno em Aachen). As reformas tipográficas carolíngias possibilitaram a unificação e o rigor na cópia do texto bíblico. Um dos maiores contributos do imperador Carlos Magno para a história da civilização Ocidental.

http://www.skillshare.com/classes/design/The-Art-of-Typography-how-to-communicate-effectively-through-the-power-of-type/367812909?via=search


Como é no Oriente?






As sessenta maiores

A Publishers Weekly publicou o ranking das sessenta maiores editoras do mundo. A líder, destacada, é a britânica Pearson, com mais de nove mil milhões de dólares de receitas em 2012. No que à língua portuguesa diz respeito, a mais bem classificada é a brasileira Abril Educação, no 39.º lugar, com 432 milhões de dólares de receita:

Da arte de designar capas

Era para ser apresentado e comentado em aula, houve um problema técnico.
Chip Kidd, uma lenda viva: aqui.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Que traços - que personagens?

Egoísta, autoconfiante, disponível, entusiasmado, minucioso, pragmático, autocentrado,

Bibliotecas portuguesas em destaque no jornal The Telegraph





«Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra e a Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra destacadas pelo jornal britânico The Telegraph.» Ler no Correio da Manhã.

«A Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra e a Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra estão entre as mais belas do mundo, segundo um livro intitulado The Library: A World History, da autoria de James Campbell.» Ler no Diário Digital.


http://blogtailors.com/6979486.html

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

corpo e cultura ou livro e matéria ou literatura histérica

Hysterical Literature



Para saber mais sobre Clayton Cubitt e o projeto Hysterical Literature leia                                 http://claytoncubitt.com/hysterical-literature/

Segunda 21 há aula

Conforme anunciado, esta segunda há aula.
Conforme também anunciado, a ausência (em deslocação de serviço) do docente será depois compensada. Obrigado e até lá. 

O ponto 1 segundo César Adão

1. Um livro é um livro?


1.1 - A perspectiva do autor.

 O autor gera, e é em si, a matéria-prima em bruto na cadeia da edição. É o centro deste universo e propulsiona-o, sendo simultaneamente a sua razão de ser. Descendente de Prometeu, roubou aos deuses o seu papel, com altivez. O autor é a força criadora, primordial, pura. É a génese.
 Motivado pelo temperamento, pela paixão, pelo intelecto, o que o move é a necessidade humana de comunicar, de partilhar, e talvez a vaidade de o fazer com destreza e génio. O ego pode turvar-lhe o entendimento, o diagnóstico da sua própria qualidade e pertinência. É muitas vezes autista perante as necessidades da máquina que o alimenta (as necessidades do seu tempo, dos seus contemporâneos, dos parceiros e membros da cadeia de edição).
Tomado pela arrogância do criador, está habituado a reconstruir o mundo à sua imagem, e alimenta expectativas irreais.
 O autor ou recicla o mundo ou encontra uma linguagem própria, original. Ou um mediante o outro.
É também um frontman, dá a cara, vende o seu produto, é um agente de marketing de si próprio e da sua criação.
No romantismo era o génio, carregava o peso do mundo sozinho, no modernismo era o emissário dos homens e inventava a linguagem com que trazia, pilhada para os demais, a quinta essência do mundo.
 Sepultado por Roland Barthes; comprimido por Michel Foucalt; na era de glória do hipertexto a sua criação corre o risco de se ver brutalizada, mal circule pelas autoestradas da WEB. É um Dr. Frankenstein involuntário. Só o editor o pode salvar, enquadrando-o, mostrando-lhe um caminho, dando-lhe abrigo e protegendo-o do mundo.


1.2 - A perspectiva do editor.

 O editor é sempre um co-autor, porque manipula o nascimento, a forma e o sentido do texto. Lê o mundo e antecipa tendências. Prevê os cataclismos e as oportunidades nas suas antecâmaras.
 Se o autor é o homem, o génio humano, o editor é um deus: antevê a necessidade de criar o autor, cria-o e finalmente orienta-o. Mostra-lhe o caminho que antecipadamente rasgou para ele. Se o autor pode plantar e colher, significa que previamente o editor localizou o terreno, abriu condutas, drenou os pântanos.
 O editor protege o autor. Tem o sentido paternal obrigatoriamente perverso de ter de, ora refrear o seu ego, ora inflamá-lo.
 É a ponte que liga a humanidade ao génio, e que liga o mundo dos interesses, o mundo prosaico, fútil, ao mundo do sublime, do espiritual. É um homem do renascimento: domina o marketing e a gestão, o design e as belas artes, as artes clássicas como a retórica, é um oráculo do seu tempo, e sabe de física, poesia, história, literatura e cinema.

 É omnisciente e omnipresente, mas quando o pano sobe o público não o vê, porque o seu trabalho é na sombra, no meio da mesma escuridão de onde saiu o tempo e a matéria.

Venda de livros em queda

Nos três primeiros trimestres de 2013 foram vendidos 8,9 milhões de livros em Portugal (manuais escolares não incluídos), menos 470 mil do que no mesmo período do ano passado:

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Grupo de facebook para a turma de Mestrado em Edição de Texto 13 / 14

Não sei se este é o espaço ideal para divulgar esta informação, mas é talvez a melhor forma de chegar a toda a turma. Foi criado um grupo de facebook para a turma de mestrado em Edição de Texto 2013 / 2014 para facilitar e tornar mais directa a comunicação entre nós, troca de informações e outros efeitos. O endereço é o seguinte: editexto.13.14@groups.facebook.com (para mensagens), ou podem pesquisar https://www.facebook.com/groups/editexto.13.14/

Os candidatos ao National Book Awards acabam de ser anunciados. Oportunidade para espreitar os nomes que vão agitar o mercado editorial.

Alguns dos nomes são já consagrados e bem conhecidos no nosso mercado editorial. Shortlists para cada categoria.

Livrarias independentes fintam a lógica corporativa na Rússia

Apostam na animação da leitura, são dinâmicas na organização de eventos, colaboram com as pequenas editoras, prestam serviços inovadores e seguem uma lógica sofisticada de marketing e display. O critério e a qualidade podem contornar a lógica corporativa, criando alternativas viáveis às grandes cadeias comerciais. Um sinal de futuro. http://rbth.co.uk/arts/2013/09/19/small_independent_bookstores_are_the_new_glittering_lights_on_literary_m_29963.html

Habermas na Gulbenkian

Para quem tiver possibilidade, a Gulbenkian oferece um programa muito interessante no próximo dia 28 de Outubro, uma segunda-feira:

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Curso de Revisão de Texto

Quem estiver interessado em fazer o curso de revisão de texto ( nivel inicial) veja no site abaixo:

http://portalivros.wordpress.com/2013/10/15/uma-outra-voz-de-gabriela-ruivo-trindade-conquista-premio-leya-2013/

Dados técnicos:
N.º de sessões: 6.
Datas: 29 e 31 de outubro, 4, 7, 12 e 14 de novembro de 2013.
Horário: 18.30-21.30.
Total de horas: 18.
Propina: 150 €.
Descontos: 10% para todos os ex-alunos Booktailors e estudantes e para pagamentos em duas prestações. (Os descontos são acumuláveis.)
Promoções: Todos os formandos do curso terão direito a 10 % de desconto numa compra na livraria Cabeçudos. Saiba mais aqui.
Local da formação: Bookoffice — Travessa das Pedras Negras, n.º 1, 3.º direito, 1100 - 404 Lisboa.

Para se inscrever, por favor envie CV (com a referência: Rev 1R) para:formacao@booktailors.com.

Uma Outra Voz», de Gabriela Ruivo Trindade, conquista Prémio Leya 2013

O romance Uma Outra Voz, de Gabriela Ruivo Trindade, venceu o Prémio LeYa 2013, segundo foi anunciado a 15 de outubro. A obra premiada foi escolhida entre 491 originais, oriundos da Alemanha, Angola, Brasil, Espanha, Estados Unidos da América, França, Guiné-Bissau, Itália, Luxemburgo, Macau, Moçambique, Portugal, Reino Unido e Suécia.

Ver aqui: http://portalivros.wordpress.com/2013/10/15/uma-outra-voz-de-gabriela-ruivo-trindade-conquista-premio-leya-2013/

domingo, 13 de outubro de 2013

Em directo - Man Booker Prize

A partir deste link, no final da página, está a transmissão em directo da conferência e sessão de leitura do Man Booker Prize com os seis autores da shortlist.

Porque escolhi a capa de «Blackpot»

Na última aula de Teoria da Edição (30/09/2013), realizámos um exercício que consistia na eleição de uma capa de livro preferida, de entre oito possíveis. Eu escolhi a capa de «Blackpot», de Dennis McShade. Aqui tento explicar porquê em duas ou três linhas (ou um pouco mais):

É uma capa que me dá vontade de ler o livro; mais do que isso, de comprá-lo e possui-lo na minha biblioteca. O corpo alvejado, a pistola caída e a silhueta de prédios em fundo, tudo em apenas duas cores - mas muito fortes - não deixam dúvidas do que se trata: de um policial negro. O lettering desenhado à mão (incluindo o logótipo da editora) e perfeitamente enquadrado na imagem dá o toque final numa capa que, na minha opinião, roça a perfeição.


sábado, 12 de outubro de 2013

Sobre Alice Munro

Dois artigos bastante interessantes da edição online da New Yorker sobre a Alice Munro:
um primeiro sobre a experiência de editar Alice Munro («Editing Alice Munro») e um segundo com testemunhos de outras autoras, como Margaret Atwood, Joyce Carol Oates, Julian Barnes, sobre a obra da autora canadiana («Writers on Munro»)

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Quando a literatura pode mudar a sociedade

O escritor mineiro Luiz Ruffato foi o herói da cerimónia oficial da abertura da Feira do Livro de Frankfurt, que começa nesta quarta-feira e em que o Brasil é o país convidado. Arriscou, pôs o dedo na ferida e foi aplaudido de pé. (Público)

Continuar a ler aqui...

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Fundação e editora celebram quinze anos de atribuição do Nobel a José Saramago

Peças de teatro, novas edições livreiras, exposições e debates constituem o calendário das iniciativas celebrativas do 15.º aniversário da atribuição do Nobel da Literatura, apresentado esta terça-feira na Fundação que ostenta o nome do escritor.

Podem ler a notícia aqui!

Booktailors apresenta Carlos da Veiga Ferreira: Os editores não se abatem

A Booktailors anuncia a publicação do segundo volume da série «Protagonistas da Edição», uma coleção composta por entrevistas com personalidades fulcrais da edição em Portugal, conduzidas pela jornalista Sara Figueiredo Costa e editadas pela Booktailors.

O segundo volume desta coleção, Carlos da Veiga Ferreira: Os editores não se abatem, é dedicado ao editor que publicou grande parte dos autores que fizeram do catálogo da Teorema uma referência. Criada em 1973, Carlos da Veiga Ferreira colaborou de início com a Teorema com a realização de traduções. No entanto, é como editor e rosto da editora  que se notabiliza, passando a ser o único responsável pelo catálogo em 1985. Depois da venda da Teorema ao grupo LeYa, criou em 2011 a Teodolito, na qual continua o trabalho que começou há décadas: editar em Portugal alguns dos mais importantes nomes da literatura mundial.

O livro será lançado no dia 24 de outubro, pelas 18.30, na Casa dos Bicos, sede da Fundação José Saramago, com apresentação de Nelson de Matos, e no dia 15 de novembro, pelas 21.30, na Biblioteca Municipal, em Penafiel, estando a apresentação da obra a cargo de Alberto Santos.

Os Livreiros e o Seu Património

É já no próximo dia 22 de Outubro de 2013, 3.ª feira, às 18h15, na Biblioteca Municipal Camões − Largo do Calhariz, 17 – 2.º esq.º (junto ao Elevador da Bica, Lisboa)− que irá acontecer o 1.º Encontro «Os livreiros e o seu património». 
Mais informação aqui.

Relatório do lançamento do livro “ A Sentinela” de Richard Zimler



O lançamento do livro decorreu no El Corte Inglés (Lisboa) no dia 8 de Outubro às 18h30. Confesso que a primeira coisa que reparei foi numa imensa multidão numa sala (isto é, o espaço era limitado), fotógrafos à volta de Richard Zimler e inclusive pessoas importantes (não que o Sr. Francisco Lousã seja importante a meu ver, mas este certamente marcou presença) a cumprimentarem-se. Ao lado da sala estava um pequeno espaço para venda do livro. Mas indo directamente ao assunto, as pessoas presentes no lançamento do livro que convém destacar foram: Manuel Alberto Valente, director editorial da Porto Editora, Prof. Daniel Sampaio, escritor português e claro, Richard Zimler.
Penso que este lançamento era já há muito aguardado dado que este novo romance, este policial psicológico de “A Sentinela” não só já estava nas livrarias a 4 de Outubro, como é o primeiro livro editado pela Porto Editora (e posteriormente reeditado na mesma editora a obra “O Último Cabalista de Lisboa, romance histórico que lançou internacionalmente Richard Zimler).
Durante a apresentação do livro, o Prof. Daniel Sampaio elogia sobretudo a tradução, salientando que a língua de chegada é muito mais importante que a língua de partida e que o tradutor (José Lima) fez um óptimo trabalho. De seguida começa por explicar aos leitores a obra “ A Sentinela”. Muito resumidamente esta obra retrata Portugal num mundo presente (ou contemporâneo como o Manuel Alberto Valente refere) em torno de um homicídio de um Pedro Coutinho, um abastado construtor civil, porém envolvido em corrupções. O autor retrata a situação de Portugal, a crise de valores, e de identidade. Numa primeira leitura como dizia o Prof. Daniel Sampaio, este livro é um romance policial,” mas algo que sai fora do romance propriamente dito”, fazendo um ponto da situação do país. Contrapondo a isso, as personagens vivem de forma muito intensa no contexto social. Um exemplo disso são a infância de dois irmãos e a relação complexa entre eles, e o facto de autor mergulhar nisso de forma muito intensa. Um ponto importante que se deve salientar é que o Prof. Daniel Sampaio esteve neste lançamento sobretudo porque além de ser não só um escritor e psiquiatra, este contribuiu para que o autor criasse na obra uma personagem quem tem uma dissociação de personalidade, isto é, quem tem uma falha na integração nos aspectos de identidade ( tendo duas personalidades) . Obviamente que no ponto de vista psiquiátrico é mais discutível, porque esta doença é mais conhecida nos Estados Unidos do que em Portugal.. E por causa disso, Daniel Sampaio afirma que esta personagem do ponto de vista literário foi uma “boa jogada.”
Em relação ao discurso de Richard Zimler, este não acrescentou nada sobre o livro, mas fez agradecimentos aos revisores. Isto porque Zimler nasceu nos Estados Unidos, mas radicou-se há muito tempo em Portugal (Porto) em 1990 .