quarta-feira, 30 de abril de 2014

Não parece mas é uma aula de comunicação/edição

Ferreira Fernandes: Quando noticiar é um circo
Título parvo: "Monstro procurado em Coimbra." E converseta de telenovela: "Caça ao homem!" Só faltou fotografá-lo a dizer "Baltazar, Manuel Baltazar" soprando o fumo dos zagalotes. Ele tem nome que caberia em "Baltazar procurado em Coimbra" e saber-se-ia quem é. O tipo que fuzilou ex-sogra, ex-tia, ex-mulher e filha, que só não é ex-filha porque ele falhou o tiro. Preferiram o circo. Mas o problema com ele não é ser "o monstro". E quanto à teatral "caça ao homem!" é ver ao contrário: o drama é tanto "homem à caça" quando a visada é a mulher. Ao emprestarem a Baltazar a categoria de "monstro" os jornais não entenderam que o problema não é anomalia mas a normalidade. Mais uma vez o erro que tantas vezes trago aqui: "de que estamos a falar quando estamos a falar?" é a menor das interrogações dos jornais nacionais. No caso, é não entender nem as notícias que tão repetidamente trazem. Acontecidas entre pobres e ricos. Há anos, contei a história dum médico, reputado, com tabuleta no centro do Porto e dirigente político, que sequestrava a mulher. Sequestro provado, com denúncia da vítima, família e vizinhos. O médico processou-me - com este argumento: "meteu-se entre marido e mulher" (sic) - e o Ministério Público achou que era coisa com pernas para andar até ao tribunal. Valeu-me, talvez, ser uma juíza a julgar, menos cega à guerra civil que nos cerca. Chamar "monstro" ao Baltazar é pôr espetáculo numa indecente doença nacional.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Peter Cooper - masterclass 2ª 28

Confirmado. Segunda-feira teremos um convidado de luxo (são todos, mas este fala inglês).
Peter Cooper nasceu ns Estados Unidos e é actualmente Business Development Director na [PIAS] Iberia & Latin America e dirige a edlp Marketing. Entre outras coisas, foi Promo and Marketing Manager no grupo Movieplay, Product Manager na Roadrunner Records.
Fluente em português, Peter Cooper talvez prefira - se todos entenderem - falar em inglês. É uma oportunidade para falarem com alguém com experiência real, desde há mais de duas décadas, em produção, comunicação, gestão e marketing.
É a segunda vez que visita o nosso mestrado.
Um pormenor: gosta de correr ultramaratonas e, por isso, já publicou em Portugal três livros da lenda viva Dean Karnazes.






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    quarta-feira, 23 de abril de 2014

    O livreiro: Antero Braga

    Público, 23/4
    Livreiro há 46 anos, Antero Braga, da Livraria Lello, continua a acreditar no papel da leitura na formação de cidadãos conscientes e críticos. E diz que “a liberdade e a cultura são indispensáveis para que se seja feliz”. Hoje é Dia do Livro.
    No V Encontro Livreiro, realizado no final de Março, Antero Braga recebeu o diploma Livreiro da Esperança. Uma distinção anualmente atribuída a um “vendedor de livros” feliz por o ser. “São 46 anos de uma actividade que me deu mais do que eu lhe dei. Fez-me aprender a ser uma pessoa diferente. A ser solidário. Eu tenho de estar grato ao meu destino. Era para ser um homem de números, mas tornei-me livreiro e não estou nada arrependido”, disse às “gentes do livro” presentes no encontro, na Livraria Culsete, em Setúbal.
    Responsável por uma das mais belas livrarias do mundo, a Livraria Lello, no Porto, Antero Braga gosta de citar Armando Martins, “que nasceu na Clássica Editora e mais tarde foi gerente da Bertrand do Chiado”. Dizia ele, sorridente, quando lhe perguntavam se achava que determinado livro era uma boa oferta: “Isto é um livro, minha senhora. Isto é uma taça de champanhe!”
    Recorda os primeiros tempos de actividade: “Quando comecei a trabalhar nos livros, éramos obrigados a ler as coisas, a saber quem eram os autores, para não dizermos asneiras. Para tentarmos cativar mais leitores, mais gente para os livros.” Essa continua a ser a função de um livreiro? “O papel do livreiro será o de manter a chama acesa para que os mais novos conheçam o legado que lhes deixaram os que amaram e amam o seu Portugal.” E acrescenta: “Um país faz-se com homens e livros. O resto é treta.”
    Antero Braga convoca os seus pares: “Nós, os livreiros, os que amamos os livros, vamos lá. Tudo é possível, quando de facto queremos.” Deixa também alguns conselhos: “Pensem no seguinte: qual o papel do livreiro? Qual o papel das unidades que por acaso vendem livros? Qual o papel de possíveis cartéis que podem estar em preparação? O que pode fazer o livreiro em conjunto com as pequenas e médias editoras, em conjunto com todos os que amam os livros: os autores, os editores, os directores editoriais e os proprietários, cujos interesses são diferentes uns dos outros? Podemos e devemos reflectir e unir esforços.”
    Regresso à qualidade
    Os encontros entre “as gentes do livro”, expressão muito grata a Manuel Medeiros, “O Livreiro Velho”, que primeiro os imaginou e organizou, são “muito importantes”, diz ao PÚBLICO Antero Braga:
    “As livrarias atravessam há mais de 20 anos problemas graves. Eu estive nos três lados do mundo dos livros, só não conheço bem as gráficas. Sei muito bem o que é uma editora, o que é uma distribuidora e sei muito bem o que é uma livraria. Quando fui administrador da Bertrand, tudo isso me passava pelos olhos e pela decisão. Isto para dizer que sei muito bem qual é o papel de qualquer um destes elementos, onde existem até algumas acções contraditórias.”
    A dificuldade está então na compatibilização dos vários interesses. “Aquilo que mais me assusta é a possível colonização cultural que pode acontecer em Portugal se existirem cartéis. E eles podem estar em grande formação e em grande aceleramento. Estas reuniões são importantes, quanto mais não seja para um alerta do papel do livreiro, que não pode ser só e apenas um agente cultural, mas também, obviamente, um gestor.” Por isso lhes diz: “Reflictam, não tenham medo, acreditem que vale a pena ser livreiro.”
    Divertido, acrescenta ainda: “Vejam bem, como diria o Zeca Afonso, faço o que gosto e ainda me pagam.” E despede-se assim, antes de rumar a norte: “Viva a cultura, viva os livros e não se esqueçam de que a liberdade e a cultura são coisas indispensáveis para que se seja feliz.”

    segunda-feira, 21 de abril de 2014

    Exercícios facultativos

    Meus caros, passadas as férias, aqui ficam alguns exercícios para quem quiser fazer. Em princípio Peter Cooper será o nosso convidado na próxima 2ª 28. Depois confirmarei.
    Lembro que estes ou outros exercícios podem ser inventados em casa, bastando duas pessoas envolvidas, ou nem isso.

    Teoria: estes exercícios dão calo, ajudam-nos a interiorizar estilos, técnicas e a confiar na nossa intuição. Como foi dito em aula, a intuição é, neste caso, experiência e técnica tornadas «segunda natureza». Depois de muito pensar, aprender a agir sem pensar, ou melhor, a agirpensar.
    O objectivo é usarmos a nossa técnica e o nosso saber adquirido como um polvo move o seu tentáculo, com fluidez, e não como um braço mecânico. Nós não apercebemos de que damos ordens ao nosso cérebro para ele dar ordens à nossa mão para que esta agarre um garfo, pois não? Pois também não temos de ir sempre ao manual para escolher um melhor título, uma melhor frase, para sugerir uma alternativa. Embora devamos sempre saber onde ir buscar a informação que falta, ou a que prateleira o instrumento adequado.
    Nota: Estes exercícios são bastante simples. Se acertarem não fiquem auto-confiantes, subam a parada. Se falharem, não se preocupem, tentem de novo. Boa semana.

    1) Tente melhorar (sem alterar quase nada) esta frase:
    «Lisboa acordou nos braços de um dia pardo, sensaborão, daqueles que não deixam memória nenhuma.

    Sentia uma ligeira indisposição. Lembrou-se do feijão que comera na casa de pasto do Aurélio, benfiquista de todos os costados, de tão grande simpatia que a comida estava autorizada a não condizer.»

    2) Insira a pontuação: 
    O meu amigo fora claro: o seu prédio ficava entre a igreja e a livraria cedinho nessa manhã de páscoa ali estava eu totalmente perdido apesar das indicações ele dissera que não havia nada que enganar porque a grande cruz no cimo da torre se via à distância além disso eu visitara-o há uns anos e esperava reconhecer o local apesar disto não fazia a menor ideia onde me devia dirigir estava totalmente perdido
    A razão da desorientação era fácil de explicar as referências eram evidentes e o sítio não tinha nada que enganar só que naquela vila neste estranho mês de abril a páscoa amanhecera sob uma espessa capa de nevoeiro à minha frente poderia estar uma igreja um descampado ou um exército pronto a atacar 
    (Ver correcção aqui.)

    3) Prova cega: ligue textos a autores. 
    A) Saramago; B) Lobo Antunes;  C) Agustina Bessa-Luís;  D) Rubem Fonseca;   E) Jorge Amado;    F) Garcia Marquez;    G) Raymond Chandler  

    1) "Um único minuto de reconciliação vale mais do que toda uma vida de amizade." (...) "Ele ainda era demasiado jovem para saber que a memória do coração elimina as coisas más e amplia as coisas boas, e que graças a esse artifício conseguimos suportar o peso do passado."
    2) “O chefão da Secção de Homicídios, nesse ano, era um tal capitão Gregorius, um tipo de polícia que vai rareando mas que ainda não se extinguiu, o género que desvenda os crimes com as luzes fortes e a bofetada e o pontapé nos rins, e o joelho no baixo ventre e o punho no plexo solar e o “casse-tête” na base da espinha. Seis meses depois de tudo isto ele foi condenado por declarações falsas, engaiolado sem ser julgado e mais tarde morreu com um coice de um cavalo numa quinta que tinha em Wyoming.”
    3) "Tinha muitas idéias na cabeça, e isso me atrapalhava. Os melhores conferencistas são aqueles de uma única idéia. Os melhores professores, os que sabem pouco." (...) "Tenho ginásio, sei ler, escrever e fazer raiz quadrada. Chuto a macumba que quiser. "
    4) "A Fernanda senta-se atrás no Seat Ibiza, com o menino e a Dona Cinda, o senhor Borges ocupa o lugar ao meu lado, de Record no sovaco, fato completo, gravata de flores prateadas e chapéu tirolês, ajuda-me no estacionamento das Amoreiras a tirar o carrinho da mala e todos os automóveis do parque são Seat Ibiza, todos têm mantas alentejanas nos bancos, todos apresentam um autocolante no vidro que diz Não Me Siga Que Eu Ando Perdido (...)"
    5) "Logo que um novato entrava para os Capitães da Areia formava logo uma idéia ruim de Sem-Pernas. Porque ele logo botava um apelido, ria de um gesto, de uma frase do novato.Ridicularizava tudo era dos que mais brigavam.Tinha mesmo uma fama de malvado.Muitos do grupo não gostavam dele, mas aqueles que passavam por cima de tudo e se faziam seus amigos diziam que ele era um "sujeito bom"."
    6) "No quarto ao lado dormiam cansados os amantes, nos braços um do outro, maravilha que infelizmente não pode durar sempre, e é natural, um corpo é este corpo e não aquele, um corpo tem um princípio e um fim, começa na pele e acaba nela, o que está dentro pertence-lhe, mas precisa de sossego, independência, autonomia de funcionamento, dormir abraçados exige uma harmonia de encaixes que o sono de cada um desajusta, acorda-se com o braço dormente, um cotovelo fincado nas costelas, e então dizemos baixinho, reunindo toda a ternura possível, Meu amor chega-te para lá."
    7) "Eis Germa, que, embalando-se na velha rocking-chair, pensa e pressente, sabendo-se actual relicário desse terrível, extenuante legado de aspiração humana. Nas suas veias, estão todos os infinitos estados do passado, no seu cérebro condensaram-se muitas e muitas experiências que não viveu, as negações e afirmações ocupam vastos espaços da sua alma. Ela move-se ritmicamente baloiçando-se naquela sala onde se recolhem em pilhas as maçãs; todo o ar rescende a maçã que suga da própria pele a frescura e dela dessangra o suco que acrescentará a reserva da polpa viva, ainda por todo o Inverno."

    Novo dicionário

    A Isabel Pinela viu isto

    sexta-feira, 11 de abril de 2014

    Telefonioteca

    Uma cabine telefónica transformada em biblioteca pública. Ler aqui.

    Teaser

    Autores há com os quais é mais fácil ir criando expectativas. Aqui, Miguel Esteves Cardoso.

    Ou seja, o produto determina (em parte) não só o seu modo de produção mas também o seu modo de promoção

    terça-feira, 8 de abril de 2014

    Exemplo de parceria produtiva...

    ... um dos temas que tem sido abordado nas últimas aulas. Neste caso, entre a Pato Lógico e a Imprensa Nacional-Casa da Moeda.

    A ler aqui e aqui.

    Já agora, o lançamento da colecção tem lugar na livraria Ler Devagar, dia 12 de Abril, às 16h00.

    segunda-feira, 7 de abril de 2014

    Exercício tradução corrigido - José Sequeira

    Bukovski/Carver em português

    Trad. Júlia Becker: 
    Não Sabem O Que É O Amor
    (uma noite com Charles Bukowski) de Ramond Carver

    Vocês não sabem o que é o amor disse Bukowski
    Tou com 51 anos e olhem para mim
    Estou apaixonado por esta miúda
    Bateu-me forte mas ela também está apanhada
    Por isso é na boa pulhas é assim que acontece
    Eu entro no sangue delas e ficam tramadas
    Elas tentam tudo para fugir de mim
    Mas voltam todas no fim excepto
    Aquela que eu plantei
    Eu chorei por ela
    Mas chorei 
    Não me deixem cair nisto pá
    Eu fico doido
    Eu posso sentar-me aqui e beber cerveja
    com vocês hippies a noite inteira
    Poderia beber dez canecos de cerveja
    E nada É como a água
    Mas deixem-me entrar nesta cena má
    E eu começo a lançar pessoas pela janela fora
    Eu atiro qualquer um pela janela
    Já o fiz
    Mas vocês não sabem o que é o amor
    Vocês não sabem porque vocês nunca
    Estiveram apaixonados, tão simples quanto isto
    Eu tenho esta miúda vejam ela é linda
    Ela chama-me Bukowski
    Bukowski diz ela com aquela vozinha
    E eu digo O Quê
    Mas vocês não sabem o que é o amor
    Eu estou-vos a dizer como é que é
    Mas vocês não me estão a ligar
    Não há um único de vocês aqui nesta sala
    Que seja capaz de reconhecer o amor mesmo que metessem um pé em cima
    E que ele entrasse pelo cu
    Eu pensava que leituras de poemas eram uma seca
    Olhem, eu tou com 51 anos e ando por aqui
    Eu sei que são uma seca
    Mas eu disse a mim mesmo Bukowski
    Passar fome é ainda mais seca
    Por isso aqui estás tu e nada é como tu pensas
    Aquele rapaz qual é o nome dele Galway Kinnel
    Eu vi uma foto dele numa revista
    Ele tem uma fronha jeitosa ao lado dele
    Mas ele é um professor
    Jesus conseguem imaginar
    Mas vocês também são professores
    Aqui estou eu a insultar-vos novamente
    Não eu nunca ouvi falar dele
    Nem ele
    São todos térmitas
    Talvez seja ego eu não leio muito actualmente
    Mas estas pessoas que constroem
    Reputações em cima de cinco ou seis livros
    Térmites
    Bukowski diz ela
    Porque é que ouves música clássica o dia todo
    Não a ouvem a dizer isso
    Bukowski porque é que tu ouves música clássica o dia todo
    Isto surpreende-vos não é
    Tu pensas mesmo que um cabrão bronco como eu
    Ia ouvir música clássica o dia todo
    Brahms Rachamanioff Bartok Telemann
    Merda eu não consigo escrever aqui
    Muito sossegado muitas árvores
    Eu gosto da cidade é aí que eu me sinto bem
    Eu ponho a dar a minha música clássica de manhã 
    Sento-me à máquina de escrever
    Acendo um cigarro e fumo-o gosto disso sabem
    E eu disse Bukowski tu és um homem sortudo
    Bukowski tu já passaste por tudo
    e és um homem sortudo
    e o fumo azul envolve a mesa
    e eu olho pela janela para a Delongore Avenue
    e eu vejo pessoas a andar pelo passeio
    e eu mando um bafo no cigarro assim
    e depois eu pouso o cigarro no cinzeiro e respiro fundo
    e começo a escrever
    Bukowski isto é a vida digo eu
    é bom ser pobre é bom ter hemorródias
    é bom estar apaixonado
    Mas vocês não sabem o que é
    Vocês não sabem o que é estar apaixonado
    Se vocês a vissem vocês sabiam o que é que eu tou a falar
    Ela pensava que eu chegava aqui e ia mandar uma
    Ela apenas sabia
    Ela disse me que sabia
    Merda tenho 51 anos e ela 25
    E estamos apaixonados e ela tem ciúmes
    Jesus é adorável
    Ela disse que me arrancava os olhos se eu chegasse aqui e fosse mandar uma
    Isto é que é amor pelo próximo
    O que é que algum de vocês sabe disto
    Deixem-me dizer-vos uma coisa
    Eu conheci gajos na prisão que tinham mais estilo
    A malta que anda com colegas e vão a leituras de poemas
    São umas sanguessugas que vão ver se o poeta tem as meias cagadas
    Ou se cheira a sovaco
    Acreditem em mim eu não vos vou desiludir
    Mas eu quero que se lembrem disto
    Só há um poeta nesta terra esta noite
    Talvez o único poeta a sério neste país esta noite e esse tá aqui
    O que é algum de vocês sabe sobre a vida
    Qual de vocês aqui já foi despedido
    Ou deu porrada na vossa namorada
    Ou já levou porrada da vossa namorada
    Eu fui despedido do Sears and Roebuck 5 vezes
    Eles despediram-me e contrataram-me novamente
    Eu trabalhei na logística deles quando tinha 35
    E prenderam-me por roubar bolachas
    Eu sei como é eu tive lá
    Eu tenho 51 anos agora e tou apaixonado
    Esta pequena diz-me
    Bukowski
    E eu digo O quê e ela diz
    Eu acho que tu és um bazófias
    E deu digo querida tu compreendes-me
    Ela é a única gaja no mundo
    Homem ou mulher
    Eu quero disso, sim
    Mas vocês não sabem o que é o amor
    Elas voltam para mim no fim
    Todas elas voltam
    Excepto aquela que vos contei
    Aquela que eu plantei
    Estivemos juntos durante 7 anos
    Costumávamos beber muito
    Eu vejo uns quantos teclografistas nesta sala mas 
    Não vejo nenhum poeta
    Não me surpreende
    Vocês têm que estar apaixonados para escrever poemas
    E vocês não sabem o que é estar apaixonado
    Esse é o vosso problema
    Dá-me um bocado disso
    É isso sem gelo é que é bom
    Isso é bom isso é mesmo porreiro
    Bem vamos lá por isto a andar
    Eu sei o que disse mas vou tomar mandar um puxo
    Isto sabe bem
    Ok então vamos lá acabar com isto
    Só depois não fiquem muito perto
    De uma janela aberta