terça-feira, 17 de dezembro de 2013
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
sábado, 14 de dezembro de 2013
André Schiffrin, lendário editor, fala das fusões de pequenas e médias editoras em grandes grupos editoriais
Num artigo que ficou célebre, o editor refere-se à forma como estas fusões estão gradualmente a envenenar a qualidade do que lemos (ou somos obrigados a ler). A ditadura dos monopólios editoriais é uma ameaça real à boa literatura e à arte da edição. Talvez a ameaça e debate mais prementes do mundo editorial. Artigo.
A Lisboa dos livros, livrarias e editoras, desde os anos 50.
Histórias da Lisboa dos livros, das livrarias e das editoras, desde a década de 50, através de uma entrevista a um livreiro peculiar, o Sr. António André, da Livraria Lácio (ainda em actividade, admiravelmente).
Aqui.
Aqui.
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
Workshop de Edição de Livros Electrónicos
Por falar neste tema, haverá um workshop de 16 a 20 de Dezembro, das 15h às 17h na FCSH.
Gratuito - para mestrandos e doutorandos do CECL | 10 € para outros participantes.
Gratuito - para mestrandos e doutorandos do CECL | 10 € para outros participantes.
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
Nelson Mandela (1918-2013): a liberdade como obra.
Há Seres Humanos assim. Ressoam. Vibram. Talvez um dia, quando formos grandes. Olha por nós, Anjo*
"Nosso grande medo não é o de que sejamos incapazes.
Nosso maior medo é que sejamos poderosos além da medida. É nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos amedronta.
Nos perguntamos: "Quem sou eu para ser brilhante, atraente, talentoso e incrível?" Na verdade, quem é você para não ser tudo isso?......Bancar o pequeno não ajuda o mundo. Não há nada de brilhante em encolher-se para que as outras pessoas não se sintam inseguras em torno de você.
E à medida que deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo".
(Discurso de posse, em 1994)
Nelson Mandela
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
Nos EUA haverá uma biblioteca sem um único livro em papel
Por Marta Portocarrero
Tal como nas bibliotecas tradicionais, os cidadãos poderão consultar e requisitar centenas de exemplares. Abre no Outono.
Com a migração da leitura para as plataformas digitais, os livros em papel tendem a perder cada vez mais adeptos, o que não significa que as pessoas deixem de frequentar bibliotecas. Com esta ideia em mente, um americano criou a BiblioTech, a primeira biblioteca pública dos Estados Unidos sem um único livro em papel.
Em vez de prateleiras repletas de livros, no espaço de cerca de 460 metros quadrados, encontrarão computadores onde poderão ler centenas de livros digitais. “Se quiser ter uma ideia de como será, vá até uma loja da Apple”, disse Wolff a um site local. Segundo a ABCNews, a biblioteca começará a funcionar com cem livros electrónicos (e-books), que poderão ser requisitados, ou, neste caso, descarregados e que, passado o prazo de validade estipulado, deixam de poder ser consultados. Além destes exemplares, haverá 50 e-books para crianças, 50 estações de leitura, 25 computadores portáteis e 25 tablets à disposição dos utilizadores.
Serão, igualmente, estabelecidas parcerias com criadores de e-books para aumentar a colecção da nova biblioteca, que fixou como objectivo um total de dez mil livros. Por enquanto, o acesso a esta biblioteca será completamente gratuito e o único gasto que os utilizadores poderão ter será com a impressão de algum texto.
No entanto, Wolff adverte que a BiblioTech não pretende substituir o sistema de bibliotecas da cidade, mas melhorá-lo, uma vez que “as pessoas vão sempre querer livros, só o não vão poder fazer na nossa biblioteca”. Já em 2002, o sistema de bibliotecas do Arizona tinha aberto uma pequena biblioteca sem livros numa zona em que a maioria dos habitantes não tinha acesso à Internet, mas, passados alguns meses, a pedido dos cidadãos, acabaram por ser introduzidos alguns livros em papel.
Na maioria das bibliotecas norte-americanas a par dos livros tradicionais, os utilizadores também podem descarregar livros electrónicos, contudo, esta é a primeira proposta de um sistema público de bibliotecas sem um único livro em papel.
Segundo Wolff serão precisos pelo menos 250 mil dólares (cerca de 187 mil euros) para garantir o acesso aos primeiros dez mil livros digitais. Os custos de design e de construção ainda não estão definidos, mas o plano é utilizar um edifício do condado que esteja desocupado para poupar nas despesas. “Queremos uma forma low-cost e eficaz de trazer leitura e aprendizagem ao condado e que também esteja focada na mudança no mundo da tecnologia”, disse.
O objectivo é alargar o conceito, criando várias bibliotecas sem livros pelo condado de Bexar e nos subúrbios e, no futuro, investir na vertente multimédia, disponibilizando não só livros, mas também música e filmes.
Com a migração da leitura para as plataformas digitais, os livros em papel tendem a perder cada vez mais adeptos, o que não significa que as pessoas deixem de frequentar bibliotecas. Com esta ideia em mente, um americano criou a BiblioTech, a primeira biblioteca pública dos Estados Unidos sem um único livro em papel.
Foi na leitura de um livro em papel – a biografia de Steve Jobs – que Nelson Wolff, um juiz do condado de Bexar, na cidade de San Antonio, no Texas, encontrou inspiração para um projecto inovador: a BiblioTech. Mas Wolff, que é um amante assumido de livros e têm uma colecção invejável de primeiras edições, ainda assim, não quis passar à margem da nova tendência de leitura, os livros digitais.
Juntamente com outros dirigentes do condado, passou alguns meses a pensar no assunto e, no Outono, os cidadãos de San Antonio já podem frequentar o novo protótipo da região, segundo o juiz, uma biblioteca desenhada – e não adaptada – para a idade digital.Em vez de prateleiras repletas de livros, no espaço de cerca de 460 metros quadrados, encontrarão computadores onde poderão ler centenas de livros digitais. “Se quiser ter uma ideia de como será, vá até uma loja da Apple”, disse Wolff a um site local. Segundo a ABCNews, a biblioteca começará a funcionar com cem livros electrónicos (e-books), que poderão ser requisitados, ou, neste caso, descarregados e que, passado o prazo de validade estipulado, deixam de poder ser consultados. Além destes exemplares, haverá 50 e-books para crianças, 50 estações de leitura, 25 computadores portáteis e 25 tablets à disposição dos utilizadores.
Serão, igualmente, estabelecidas parcerias com criadores de e-books para aumentar a colecção da nova biblioteca, que fixou como objectivo um total de dez mil livros. Por enquanto, o acesso a esta biblioteca será completamente gratuito e o único gasto que os utilizadores poderão ter será com a impressão de algum texto.
No entanto, Wolff adverte que a BiblioTech não pretende substituir o sistema de bibliotecas da cidade, mas melhorá-lo, uma vez que “as pessoas vão sempre querer livros, só o não vão poder fazer na nossa biblioteca”. Já em 2002, o sistema de bibliotecas do Arizona tinha aberto uma pequena biblioteca sem livros numa zona em que a maioria dos habitantes não tinha acesso à Internet, mas, passados alguns meses, a pedido dos cidadãos, acabaram por ser introduzidos alguns livros em papel.
Na maioria das bibliotecas norte-americanas a par dos livros tradicionais, os utilizadores também podem descarregar livros electrónicos, contudo, esta é a primeira proposta de um sistema público de bibliotecas sem um único livro em papel.
Segundo Wolff serão precisos pelo menos 250 mil dólares (cerca de 187 mil euros) para garantir o acesso aos primeiros dez mil livros digitais. Os custos de design e de construção ainda não estão definidos, mas o plano é utilizar um edifício do condado que esteja desocupado para poupar nas despesas. “Queremos uma forma low-cost e eficaz de trazer leitura e aprendizagem ao condado e que também esteja focada na mudança no mundo da tecnologia”, disse.
O objectivo é alargar o conceito, criando várias bibliotecas sem livros pelo condado de Bexar e nos subúrbios e, no futuro, investir na vertente multimédia, disponibilizando não só livros, mas também música e filmes.
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
Por falar do futuro do livro/ edição electrónica
Achei este artigo da Economist acerca do futuro do livro:
http://www.economist.com/node/15819008
http://www.economist.com/node/15819008
Book it inaugura nova loja nos Restauradores
A cadeia Book it abre hoje (2 de Dezembro) ao público mais uma loja, desta vez nos
Restauradores, em Lisboa. A partir das 18.00 poderá conhecer a nova
livraria, que é a 19.ª em Portugal, e que terá como padrinho o
jornalista e escritor Domingos Amaral.
http://blogtailors.com/7064714.html
http://blogtailors.com/7064714.html
Planeta Tangerina investe em livros interactivos e digitais, mas em papel
http://sol.sapo.pt/inicio/Cultura/Interior.aspx?content_id=93818
Como aferir o sucesso potencial de um livro?
1. O futuro está acontecendo - na América...
2. Publisher's Weekly
3. Listas de mais vendidos dos jornais
4. Blog Publishers Lunch
5. O caso dos mais vendidos na Assírio e Alvim
6. Scouts
2. Publisher's Weekly
3. Listas de mais vendidos dos jornais
4. Blog Publishers Lunch
5. O caso dos mais vendidos na Assírio e Alvim
6. Scouts
Contributo para a aula de hoje - 2/12
Valter Hugo Mãe: «Digital»
Quando o livro for apenas digital, estarão em perigo todas as traduções e será solicitada ao autor uma brevidade que vá ao encontro da especificação rigorosa dos assuntos e da falta de paciência do leitor.
A literatura correrá o risco de, mais do que nunca, se transformar abundantemente numa espécie de manifestação fugaz que procura o mesmo sucesso de um tema musical. Um só tema, breve, conciso, acerca de algo preciso, e que passe logo.
Ninguém vai sustentar a tradução de um livro que será pirateado. Apenas através dos apoios institucionais se justificarão as traduções para as mais diversas línguas, e isso levará a um mundo de decisões que independem completamente da lógica dos mercados que conhecemos.
Contudo, mais grave, será efectivamente a pressão para que os textos se abreviem. O universo digital suscita a capacidade de rarefacção, sendo certo que as novas gerações parecem acelerar-se nos modos de relacionamento com todas as obras. A fragmentação e a rapidez serão características quase essenciais para que um determinado texto proceda.
A música já padece grandemente desta vulnerabilidade. Os músicos parecem pressionados a voltar à lógica do single que, na verdade, no universo pop, existiu antes dos trabalhos de longa duração. O álbum, que ainda propõem, quase sempre passa desapercebido, inexplorado, dado como algo excessivo perante o que não se desenvolveu interesse nem paciência. Subitamente, o álbum tem algo de exagero intelectual, quando o vasto auditório se basta com guardar uma ou duas canções.
Os livros, que sempre estiveram sujeitos à impaciência do mundo, serão a ela submetidos dramaticamente. Estou certo de que um núcleo de leitores seguirá lendo os textos de grande fôlego, essas máquinas preguiçosas que implicam o empenho de quem lê. Mas também estou convencido de que as novas gerações estarão disponíveis sobretudo para uma literatura que, não perdendo o brilhantismo, se apresente como experiência substancialmente fugaz. No meio do desafio, o conto e a poesia serão géneros bem mais aptos a sobreviver do que o romance.
Lentamente, o mercado deixará de produzir em papel os livros que queremos ler. A indústria perderá o interesse em tal produto porque as vendas digitais subirão de tal modo que não se justificará o esforço das edições em papel. Resistirão casos em que o livro, como objecto, possa ser visto enquanto documento. Serão casos excepcionais. Por mais que queiramos o livro tradicional, o mercado já não no-lo vai fornecer.
Experimente procurar um disco muito específico para perceber que ele já só se vende na Internet, com custos elevados, porque só um grupo muito obstinado de gente está disposto a comprá-lo. O livro será sempre pior. Se considerar o facto de não existirem traduções, terá de imaginar os mercados nacionais como células sempre mais confinadas. O domínio da expressão inglesa ou do mandarim vão fazer-se sentir. Sim, acho que a pressão vai levar a que muito boa gente escreva directamente em inglês ou suporte pessoalmente a imediata tradução. Vai ser de um mesmismo insuportável.
Esta crónica foi publicada na Revista 2, edição de domingo 1 Dezembro 2013
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
TPZ — Contracapa boa / contracapa má
Contracapa boa
A editora Caminho-Leya renovou o grafismo da coleção dos livros infanto-juvenis da Alice Vieira, dando um novo impulso a obras que já têm alguns anos de catálogo e que já revelavam um aspecto usado e antiquado.
A contracapa do livro “Leandro, Rei da Helíria” contém um resumo adequado ao leitor alvo, embora a descrição biográfica esteja muito formal e com informação pouco relevante para os jovens leitores.
As obras desta autora, muito popular nas décadas de 80 e 90, ganharam uma nova unidade gráfica que vão permitir aumentar as vendas — o lettering no nome da autora, as cores e as ilustrações, tornam as obras mais ao gosto dos nossos dias. A ilustração da contracapa é direta e dinâmica e comunica, com eficácia, um acontecimento central da história.
Contracapa bera
O “Vegetarianismo, a solução para uma vida e um mundo melhor” tem uma contracapa má. A fotografia "tipo-passe" é desadequada e antiquada para o tipo de edição dos dias de hoje. A mancha gráfica é muito grande e o texto de má qualidade. O texto junta vegetais, Bach, Mendelsson, astrofísica, paz, imperadores e reis, sem focar no tema principal que é o vegetarianismo e a alimentação saudável.
A escolha das cores de fundo e do texto, ainda que relacionadas com o vegetarianismo, é demasiado óbvia e dificulta a leitura.
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
Livreiros independentes apresentam queixa contra redes FNAC e Bertrand
"Mais de vinte livrarias entregaram uma queixa na Inspecção-Geral das Actividades Culturais (IGAC) contra as redes FNAC e Bertrand, por alegadamente violarem a lei do preço fixo do livro, disse à agência Lusa o livreiro Jaime Bulhosa."
http://www.publico.pt/cultura/noticia/livreiros-independentes-apresentam-queixa-contra-redes-fnac-e-bertrand-1613363
http://www.publico.pt/cultura/noticia/livreiros-independentes-apresentam-queixa-contra-redes-fnac-e-bertrand-1613363
A propóito da última e da próxima aula: o comércio digial
E, ah, o sumário da última aula já está lançado. Ver sempre no início do blog.
Ver aqui O comentário do editor de economia do Expresso.
Ver aqui O comentário do editor de economia do Expresso.
terça-feira, 19 de novembro de 2013
O caso do artigo mal escrito
A pressa, a atribuição de responsabilidades a pessoas impreparadas por questões de poupança, etc. O resultado não é bom. Ora leiam:
Após quatro anos a insistir com o Ministério da Justiça para a necessidade de um despacho conjunto dos ministros da Justiça e das Finanças a fixar a remuneração dos membros do conselho directivo, a direcção do Instituto Nacional de Medicina Legal (INML) decidiu substituir-se à tutela. E pode ter sido esta a decisão que valeu o afastamento de Duarte Nuno Vieira, que, por decisão da ministra da Justiça Paula Teixeira da Cruz, cessou funções na semana passada, após 13 anos a dirigir o instituto.
Numa deliberação, em Setembro de 2011, ficou decidido que o presidente e dois vogais optavam por receber o vencimento do lugar de origem, tendo neste caso direito a um acréscimo de 35% sobre o salário base, como estava expressamente previsto na lei orgânica do instituto em vigor nessa altura. Como um dos vogais não escolheu este regime e o despacho conjunto não aparecia, os membros da direcção decidiram determinar o salário do colega.
Tanto a Inspecção-Geral dos Serviços de Justiça (IGSJ), a Inspecção-Geral das Finanças e a secretaria-geral do Ministério da Justiça concordam que a direcção não tinha competência para tomar essa decisão e que, por isso, a mesma é nula. Ou seja, não chegou a produzir efeitos jurídicos, o que obrigaria à reposição das verbas pagas.
Mas face à inexistência do dito despacho conjunto e ao critério usado pela direcção, que determinou o salário mínimo que os ministros estavam obrigados a aplicar, a própria Inspecção-Geral dos Serviços de Justiça defende que neste caso não deve haver reposição das verbas pagas, mas um despacho a rectificar a situação. Até porque o dinheiro era de facto devido. “Atendendo ao princípio da proporcionalidade é preferível emitir-se despacho conjunto que regularize a situação e não exigir-se a reposição de valores”, escreve a inspecção num relatório a que o PÚBLICO teve acesso.
Quanto ao facto de três dos membros da direcção terem optado pelo vencimento do lugar de origem, acrescido de 35%, as duas inspecções consideram que a decisão “não merecem qualquer censura”. Isto porque esta possibilidade decorria expressamente da lei orgânica do INML em vigor na altura e essa não previa a necessidade de, neste caso, haver um despacho conjunto. Contudo, a secretaria-geral do Ministério da Justiça considera que a deliberação de Setembro de 2011 é “inválida”, porque havia necessidade de despacho ministerial.
Já a IGSJ conclui, num relatório, que o “conselho directivo apenas se limitou a fazer acertos salariais, meros actos de gestão corrente, relativos a remunerações que estavam legal e previamente estabelecidas mas não estavam a ser percebidas devidamente pelos membros do conselho directivo”. A opinião é partilhada pela Inspecção-Geral das Finanças.
"No período compreendido entre Maio de 2007 e Maio de 2011, o INML suscitou à tutela, por diversas vezes, que, através de despacho conjunto dos ministros das Finanças e da Justiça fosse fixada a remuneração dos membros do conselho directivo, tendo, contudo, a tutela recusado emitir tal despacho", nota ainda a IGSJ.
Nenhum dos relatórios a que o PÚBLICO teve acesso quantifica os montantes em causa, fazendo apenas um deles referência aos salários base pagos aos quatro membros da direcção do INML em Outubro de 2010 e que variavam entre 5.523 euros (presidente) e 3.948 euros (auferidos pelo vogal que recusou ficar com o vencimento de origem).
As duas inspecções analisaram ainda a legalidade das despesas de representação –que em 2010 variavam entre os 1471 euros e os 556 euros- , mas aqui as posições divergem. A IGSJ considera que os membros que optaram pela remuneração do lugar de origem têm direito a despesas de representação até ao limite do vencimento do primeiro-ministro, apenas não tendo este direito o membro que não escolheu aquele regime. Já a Inspecção-Geral das Finanças e a secretaria-geral do Ministério da Justiça sustentam que os valores pagos “são indevidos”, já que seria necessário um despacho conjunto para que a direcção do INML os pudesse receber, o que nunca veio a acontecer.
Contactado pelo PÚBLICO, Duarte Nuno Vieira disse encontrar-se no Brasil até quarta-feira, não querendo fazer comentários sobre o seu afastamento. Já Francisco Corte-Real, que assumiu provisoriamente a presidência do instituto na sequência do afastamento de Duarte Nuno, remeteu qualquer explicação para o gabinete de Paula Teixeira da Cruz. Contactado pelo PÚBLICO, a assessoria de imprensa da ministra não quis fazer comentários sobre este assunto.
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
O circuito da edição numa breve ficção, por César Adão
O outono instalou-se na cidade de Lisboa. Numa
pequena sala de um apartamento no Saldanha, os sons nocturnos da cidade
chegavam abafados. Uma autora nunca publicada estava prestes a concluir o seu
manuscrito, mas vivia uma última crise criativa. Na página número 432 desse
manuscrito, desenrolava-se a seguinte cena:
«1456. Há dezasseis
dias que a expedição partira de Lisboa, enviada pelo Infante D. Henrique. Eram
três caravelas, capitaneadas por Diogo Gomes. Na primeira caravela a avistar
uma das ilhas do arquipélago que viria a ser baptizado com o nome de Cabo
Verde, a tripulação debatia-se com sentimentos contraditórios. O assombro
perante a expectativa de uma descoberta iminente misturava-se com um rol de
enigmáticas experiências sensoriais, que a tripulação atribuía ao domínio do
sobrenatural: os sons do mar e da costa eram difusos, e por momentos fazia-se
um silêncio tal que todos julgavam ter ficado surdos; o próprio mar e o céu
desapareciam e voltavam a aparecer com uma nova configuração, e ora se mostravam
exuberantes , ora pardacentos. Estiveram horas assim. »
A autora ultrapassa o
bloqueio criativo com um acesso de fulgor e exuberância.
«E eis que surge a
barlavento uma embarcação de piratas mouros. A abordagem está presa por
momentos. A aproximação foi furtiva e silenciosa. A batalha anuncia-se. »
O manuscrito está
pronto e é enviado para uma editora. Mantém-se durante dois meses numa pilha de
dezenas de outros manuscritos. Resgatando-o dessa pilha, uma assistente
editorial lê-o, de uma assentada, numa noite de inverno, e está decidida a
propôr a sua publicação na reunião do dia seguinte.
«As águas agitaram-se
e todo o mundo tremeu. Mouros e cristãos suspenderam o inícia da sua refrega
sangrenta. Sem saberem bem porquê, uns e outros sentiram que a sorte de todos
se jogaria nos momentos seguintes, como se cada um dos seus deuses lhes falasse
ao coração. E assim se deixaram ficar ao sabor das vagas. Havia tempo para dar
vazão às lâminas e mosquetes. Os deuses falam antes dos homens.»
E nem um silvo se escutava na página 441.
Enquanto isso, na reunião da editora, o futuro do manuscrito era decidido.
«Júpiter, o mais
antigo e importante dos deuses, chamara os seus pares ao Olimpo, para decidir
sobre o futuro dos portugueses. E como falou primeiro, deixou clara a sua
posição: esse povo bravo, que sobreviveu a inúmeras provações, demonstrou já
que merece a sorte, pois esta deve sorrir aos audazes».
O Sr. Ferreira,
director do departamento editorial começa por defender que a editora deve
apostar num romance histórico de um novo autor português, porque os sinais do
mercado apontam para uma boa receptividade do género, e é também a altura
oportuna para usufruir de um fundo estatal, que por intermédio de uma Comissão
Comemorativa de uma efeméride histórica, se encontra disponível.
«Baco, petulante e temperamental, insurge-se. A inveja
corrói os seus sentimentos para com a expedição Lusitana. Se os portugueses
afrontam os deuses, na sua condição de mortais, devem conhecer a sua ira. O seu
destino só pode ser a morte, a única pena justa para a sua afronta.»
O Marcelo, assistente
editorial, esboça um protesto. As suas sugestões editoriais serão relegadas
para segundo plano, caso a publicação deste romance histórico seja aprovada.
Argumenta que o mercado está saturado de romances históricos, e que nada lhes
diz que este venha a ter sucesso.
«Júpiter concede a palavra final a Vénus, que sente que a
epopeia dos povo português deverá ser ditosa.»
A Joana, assistente editorial, é chamada a
defender o porquê da sua escolha. Nas suas palavras, o romance é consistente.
Evoca a coragem de um povo. Tem personagens grandiosas e cenários luxuriantes.
É uma metáfora do nosso tempo. A história de um povo oprimido e encurralado que
soube superar-se. E a argumentação vinga. A publicação é aprovada.
O romance é submetido a outro editor, que
depois de o analisar o remete de novo para a autora, com as devidas sugestões. A autora, à luz do candeeiro, na sua sala
daquele apartamento no Saldanha, refaz certas passagens. Burila algumas
passagens e descrições. E no manuscrito sucede o seguinte:
«No retorno à Pátria, vivem-se momentos de terror. A
tripulação acordou para um novo dia com novas roupas e novas formas de falar. O
aspecto da caravela alterara-se durante a noite. A própria costa, palmilhada
com o rigor de anos de navegação por cabotagem parecia, à vinda, estar
diferente. O capitão não disfarçou o seu pavor: deitou ao mar sextantes e
astrolábios, acusando os cartógrafos de bruxaria. E a tripulação das três
caravelas andava taciturna, convencida que o próprio diabo montara vigília a
essa empresa.»
Um revisor, semanas
depois, trabalha o manuscrito. Esfrega os olhos que lhe ardem, quando termina a
tarefa, e reenvia o trabalho à editora. E assim sucede no interior do
manuscrito, quando a expedição já se encontra ao largo da costa do Alentejo:
«Havia na caravela um grumete de Setúbal que se exprimia
mal. Cada palavra sua saía açoitada e deformada, e era alvo de chacota de todos
quanto o escutavam. Sempre que falava, alguém o corrigia, poir entre risos e
zombaria. Nessa tarde, depois de uma sesta à socapa no interior de um bote,
surgiu a falar bem. E perante o assombro de todos quanto o ouviam, a sua
expressão saía clara e fluida, como a de um lente de uma universidade. Vendo
nesta ocorrência mais um manifesto do maligno, o capitão voltou a perder a
paciência, e antes que o próprio diabo espantasse e amotinasse as três
caravelas, ordenou que o grumete fosse mandado para o porão a pão e água, onde
ficou até ao fim da viagem sem perceber o que lhe sucedera. Quando chegou a
Lisboa, era o único a sofrer dos primeiros sintomas de escorbuto.»
O manuscrito está agora ao cuidado de um
paginador, que lhe decide a fonte, o tamanho e a forma como se espraia por cada
uma das páginas em branco, no monitor do seu posto. Esta etapa é sentida da
seguinte forma, na nossa já conhecida aventura:
«Tendo a nossa frota regressado a Portugal, estava um dos
marinheiros no cenário idílico da Serra da Arrábida. Ao seu lado estava a sua
amada, e brincavam a adivinhar a forma das nuvens, deitados de costas. Ela
pedia-lhe que prometesse que não voltaria ao mar, e ele respondia que para se
casaram ele teria de voltar a desafiar os abismos do mar, em busca de fortuna.
Ela ficou triste e permaneceram em silêncio. Ela perguntou-lhe o que julgava
ele ver numa nuvem que passava ao largo. Ele respondeu que a nuvem parecia
zangada, e que por isso via nela o pai da rapariga, se descobrisse que andavam
os dois sós a passear pela Serra. Riram.»
Nesse momento, o paginador decide separar os
amantes de página.
«O marinheiro pegou por instantes no sono, e quando acordou
viu-se sozinho, na serra imensa. Chamou-a, mas ela não respondeu. Sentiu uma
enorme solidão. Pensou que talvez fosse esse mesmo o seu destino. A solidão de
todas as serras e mares. Decidiu voltar a Lisboa. Em breve haveria novas
expedições e convinha andar por perto quando fosse tempo de embarcar.»
Fazendo horas
extraordinárias, o departamento de marketing reúne com o desiger da capa e da
contracapa. Discute-se o aspecto gráfico do livro que irá nascer, os seus
canais de promoção, a melhor forma de falar ao seu público-alvo. Discute-se o
timing certo para o colocar nas livrarias e que materiais deverão acompanhar a
publicação: marcador, posters, roll up. Discute-se, enfim, a fórmula certa para
vender o futuro livro. E sucede nas páginas do manuscrito o seguinte:
«Eneias, que acompanhava por benção de El Rei todas as
viagens dos portgueses a terras ignotas, recolheu cansado ao leito, numa noite
em que a lua se escondia e o mar se mostrava monótono. Teve estranhos
sonhos. Sonhou com uma reunião de
trabalho, no futuro, em que se passara horas a discutir a melhor forma de
vender um livro. No dia seguinte contou o seu sonho a outro comerciante que
viajava na caravela.
- E ficaram horas nisto. A discutir como se vende um livro.
- Um livro? Como a bíblia, da Santa Missa?
- Um livro, sim. Mas em vez de saírem, de o venderem,
ficaram horas sentados, a falar sobre a melhor forma de o fazerem.
- Ora, o mar confunde qualquer um, e o inimigo arma
estranhas feitiçarias ao abrigo do sonho.»
Certo dia, Júpiter,
perdão, o Sr. Ferreira, Director Editorial, convocou uma reunião de emergência.
A Comissão Comemorativa nomeada pelo estado suspendera o pagamento de uma
prestação do dinheiro que serviria para custear a edição do livro, e rebentara
na imprensa um escândalo pelo desvio de fundos nessa mesma Comissão. Até que a
situação fosse resolvida, o trabalho editorial em torno do livro ficaria
suspenso.
«A expedição achava-se
de novo em terra. Um espião pusera o capitão ao corrente de ordens de El Rei
para voltarem à Pátria. Reis e mercadores não chegavam a acordo para o
financiamento de novas viagens. A tripulação deixou-se ficar por terra, a
embebedar-se, por casas e bairros mal afamados. E passaram nisto semanas. Um
dia, um dos marinheiros é despertado a balde de água por uma prostituta, no
Cais do sodré. Ela anuncia-lhe, com rasgado sorriso, que é tempo de ele voltar
a partir. Diz-se pela cidade que um rico comerciante de Génova custeou uma nova
expedição, e o povo de Lisboa, ocioso, já pára pela Ribeira das Naus, a
assistir aos preparos de uma nova aventura.»
O livro chega
finalmente à gráfica. O barulho das máquinas é ensurdecedor: impressoras,
guilhotinas, encadernadoras e empilhadoras. Fazem e imprimem chapas e cadernos,
cortam rente, cosem, compilam, fecham.
Uma enorme guilhotina surge, num momento importante do livro.
«E estavam em torno de
uma mesa, graves, portugueses e espanhóis. Discutiam há horas. As comitivas de
ambos os lados dividiam a desconfiança dos seus olhares pelas cartas do mundo
dispostas na mesa e pela comitiva contrária. O acordo estava iminente. De
repente, uma enorme lâmina surgiu do céu, e foi cortar ao meio a sala, a mesa e
o mapa do mundo, dividindo portugueses e espanhóis que fugiam com grande temor
e tumulto para cada lado. E todos acharam que o sucedido se devia à ira divina,
que vinha castigar a cobiça dos dois povos, que se achavam no direito de
dividir entre si, a meias, os despejos da obra de Deus.»
E sucedeu também
assim, quando a obra começou a ser reproduzida:
«Numa noite calma, um
marinheiro combatia os solavancos da caravela com o gosto azedo de uma garrafa
de zurrapa. Não havia nada a vigiar. A escuridão engolia o mar e o céu. De
repente, o marinheiro teve uma visão que o iria perseguir para o resto dos seus
dias: viu passar ao largo da caravela uma caravela em toda igual à sua. Mas o maior
terror foi quando se viu a si próprio, pálido e espantado, de garrafa na mão, a
olhar para o lado de cá, na caravela que passava. E quando tentou esquecer o
sucedido, atribuindo a isto o efeito da má qualidade da zurrapa, sucedeu o
mesmo uma e outra vez, até que o marinheiro fugiu para o ponto mais profundo do
convés. Não sonhou sequer em relatar o que aconteceu ao capitão, que do alto da
sua cólera ainda havia de largar borda fora toda a pinga da caravela, e de o
deixar dias e noites no porão, a pão e água.»
O percurso do livro
Este é o link para uma pequena apresentação animada que fiz sobre o que poderá ser percurso do livro, pedida como trabalho de casa.
http://prezi.com/yi2oh5kwyhmg/pelos-caminhos-do-livro/?utm_campaign=share&utm_medium=copy
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Um booktrailer português para a aula de hoje
Do livro Atlas do Corpo e da Imaginação. Ver aqui.
E um exercício facultativo:
Gosta? Não gosta? Diga (pense) porquê?
Adequa-se ao livro? A público-alvo? À imagem do autor e da editora?
E um exercício facultativo:
Gosta? Não gosta? Diga (pense) porquê?
Adequa-se ao livro? A público-alvo? À imagem do autor e da editora?
Atlas do Corpo e da Imaginação
Novo (e, ao que parece, ambicioso) livro de Gonçalo M. Tavares, amanhã nas livrarias.
Traduzir ou transcriar?
"FEIO. Depois de tantas infidelidades do marido, de tantas histórias dolorosas com a polícia, Teresa diz: «Praga tornou-se feia». Há tradutores que pretendem substituir a palavra feio pelas palavras «horrível» ou «insuportável». Parece-lhes ilógico reagir a uma situação moral com um juízo estético. Mas a palavra feio é insubstituível: a fealdade omnipresente do mundo moderno, misericordiosamente velada pela habituação, aparece brutalmente no mais ínfimo dos nossos momentos de desânimo." Milan Kundera, «Sessenta e Sete Palavras», A Arte do Romance, Dom Quixote, Lisboa, 1988.
sábado, 16 de novembro de 2013
Ainda sobre capas
Temos
comparado capas e contra-capas de livros diferentes, apontando os respectivos
pontos fracos e os fortes. Proponho agora um exercício ligeiramente diferente. Nesta
entrada do Brain Pickings, encontramos diferentes capas de um do mais
controversos romances do séc. XX, Lolita de Nabokov, além de uma citação do
próprio autor: "I
want pure colors, melting clouds, accurately drawn details, a sunburst above a
receding road with the light reflected in furrows and ruts, after rain. And no
girls. … Who would be capable of creating a romantic, delicately drawn,
non-Freudian and non-juvenile, picture for LOLITA (a dissolving remoteness, a
soft American landscape, a nostalgic highway—that sort of thing)? There is one
subject which I am emphatically opposed to: any kind of representation of a
little girl.". Neste caso, Nabokov tem uma ideia concreta sobre o tipo de
capa adequado a Lolita.
Deste conjunto de capas, a melhor parece-me ser a de Jamie Keenan; consegue criar um ambiente paradoxal, de inocência/perversidade, através do tom mais rosa da parede de um presumível quarto, o pormenor do vértice do tecto e paredes, ocultando o panorama geral da divisão; nada é mostrado, apenas induzido.
O interesse renovado por livros impressos
Apesar de as vendas de livros digitais continuarem a crescer no Reino Unido, há um renovado interesse por livros impressos, principalmente por primeiras edições.
http://www.bbc.co.uk/news/business-22731453
http://www.bbc.co.uk/news/business-22731453
Luis Goytisolo vence Premio Nacional de las Letras
«Concedido pelo Ministerio de Educación, Cultura y Deporte de Espanha, o académico Luis Goytisolo foi o grande vencedor este ano do Premio Nacional de las Letras, uma das principais distinções literárias do país vizinho.
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=668718
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=668718
Alemã Johanna Benz vence Ilustrarte 2014
A VI Bienal Internacional de Ilustração para a Infância – Ilustrarte elegeu os trabalhos da alemã Johanna Benz como os melhores de entre os 1980 ilustradores a concurso nesta edição.
http://blogtailors.com/7024476.html
Oxford University Press and the Making of a Book
Como fazer um livro em 1925?
http://www.youtube.com/watch?v=sW7wsXuw2cI&feature=youtu.be
Oxford University Press
http://www.youtube.com/watch?v=o3rejzIqRn8
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
domingo, 10 de novembro de 2013
por FCSH
Na sequência da parceria estabelecida com o Lisbon & Estoril Film Festival (LEFFEST), a FCSH/NOVA tem dois bilhetes duplos para oferecer para cada um dos 12 filmes em competição, num total de 48 entradas. Para participar basta ser nosso amigo no Facebook e responder ao questionário em baixo (ver hiperligação), indicando sempre o seu nome. As duas primeiras respostas certas para cada filme ganham um bilhete duplo (para o filme sobre o qual responderam), que deve ser levantado na bilheteira uma hora antes do espectáculo
Na sequência da parceria estabelecida com o Lisbon & Estoril Film Festival (LEFFEST), a FCSH/NOVA tem dois bilhetes duplos para oferecer para cada um dos 12 filmes em competição, num total de 48 entradas. Para participar basta ser nosso amigo no Facebook e responder ao questionário em baixo (ver hiperligação), indicando sempre o seu nome. As duas primeiras respostas certas para cada filme ganham um bilhete duplo (para o filme sobre o qual responderam), que deve ser levantado na bilheteira uma hora antes do espectáculo
FCSH/NOVA leva-te ao cinema à borla!
A FCSH/NOVA leva-te ao cinema à borla!
A 7.ª edição do LEFFEST decorre ao longo de 10 dias, de 8 a 18 de Novembro, e conta com mais de 150 filmes em cartaz.
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sábado, 9 de novembro de 2013
Muita atenção! Não só investigadores como diretores de bibliotecas andam a ser confrontados com perguntas sobre editoras de revistas e livros eletrónicos que aliciam investigadores a publicarem nas respetivas plataformas.
Sugiro a consulta do site (http://scholarlyoa.com/publishers/) para esclarecimento de muitas das questões que têm sido colocadas.
Sugiro a consulta do site (http://scholarlyoa.com/publishers/) para esclarecimento de muitas das questões que têm sido colocadas.
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
Texto de contracapa para O Processo, de Franz Kafka
«Alguém deve ter caluniado Josef K., pois uma
manhã, sem que tivesse feito algo de mal, foi preso.» A história do
protagonista de O Processo começa mal
e, pressentimo-lo ao longo do livro, tem tudo para acabar ainda pior. Detido e
julgado sem nunca chegar a saber porquê, Josef K. é uma vítima da burocracia e
é, sobretudo, alguém com quem o leitor, mesmo o de hoje, se consegue facilmente
identificar. É essa atualidade que torna esta obra de Franz Kafka tão
pertinente agora como quando foi publicada pela primeira vez, em 1925.
Franz Kafka nasceu em Praga, em 1883, e
faleceu nos arredores de Viena, em 1924. Em vida, o escritor de língua alemã publicou
apenas uma pequena parte da sua obra, com destaque para contos como O Veredicto, A Metamorfose e Na Colónia
Penal. Só após a sua morte é que, por iniciativa do seu amigo Max Brod,
veio a lume a maior parte dos seus escritos, incluindo os três romances que deixou
inacabados: O Processo, O Castelo e O Desaparecido.
«Para fazer justiça à figura de Kafka na sua
pureza e na sua beleza peculiar, não podemos perder uma coisa de vista: é a pureza
e a beleza de um fracasso.»
Walter
Benjamin
«Com o seu maravilhoso poder imaginativo,
Kafka descreveu os futuros campos de concentração, a futura instabilidade da
lei, o futuro absolutismo do Apparat de estado.»
Bertold
Brecht
«Toda a arte de Kafka consiste em forçar o
leitor a reler.»
Albert Camus
Contracapa "O Nome da Rosa" de Umberto Eco - Contracapa má.
"O Nome da Rosa", Umberto Eco, Difel.
Esta é uma contracapa com vários aspectos do que uma contracapa não deveria ser.
A cor de fundo é de mau gosto, um verde tropa que fica mal a qualquer romance que se preze.
A fotografia é a preto e branco, o que poderia ser adequada, embora uma fotografia a cores fosse o ideal, mas não é o caso, pois traduz uma imagem austera e sem graça onde o tom preto é muito carregado, saturado e o autor, figura central nesta contracapa acaba por ser neutro em relação ao conteúdo do livro. É uma imagem de Umberto Eco como escritor e professor de semiótica e não como romancista de tão magistral obra literária e que tanto vendeu.
A sinopse é desadequada, mal formulada e curta, pois só refere que onde nasceu, quando se licenciou e a tese que defendeu academicamente. Não faz referência à história que conta o livro, algo que leve os leitores a se identificarem com o assunto, personagens e ficção, apenas diz que é o seu primeiro romance e que é brilhante sem explicar o como, o onde e o porquê.
Não cativa o leitor a comprar o livro, pois mais parece tratar-se de uma tese de doutoramento que um romance.
Esta é uma contracapa com vários aspectos do que uma contracapa não deveria ser.
A cor de fundo é de mau gosto, um verde tropa que fica mal a qualquer romance que se preze.
A fotografia é a preto e branco, o que poderia ser adequada, embora uma fotografia a cores fosse o ideal, mas não é o caso, pois traduz uma imagem austera e sem graça onde o tom preto é muito carregado, saturado e o autor, figura central nesta contracapa acaba por ser neutro em relação ao conteúdo do livro. É uma imagem de Umberto Eco como escritor e professor de semiótica e não como romancista de tão magistral obra literária e que tanto vendeu.
A sinopse é desadequada, mal formulada e curta, pois só refere que onde nasceu, quando se licenciou e a tese que defendeu academicamente. Não faz referência à história que conta o livro, algo que leve os leitores a se identificarem com o assunto, personagens e ficção, apenas diz que é o seu primeiro romance e que é brilhante sem explicar o como, o onde e o porquê.
Não cativa o leitor a comprar o livro, pois mais parece tratar-se de uma tese de doutoramento que um romance.
Contracapa do Romance de Jorge Amado, "Gabriela, Cravo e Canela" - Boa Contra Capa.
"Gabriela, Cravo e Canela", de Jorge Amado, Leya.
Considero ser uma boa contracapa a muitos níveis:
A imagem a cores de umas pernas de mulher, descalça, correndo à chuva num chão alagado de água dá a ideia de movimento, de liberdade, ritmo. Esteticamente é uma imagem forte, simbólica que capta o olhar do leitor que associa essa imagem à personagem do livro, Gabriela, uma mulher que no romance de Jorge Amado encara a vida com desprendimento, que foge a convenções de sociedade em que reinava o puritanismo e as mulheres eram tidas como donas de casa para servir ao marido e ir à igreja rezar.
Esta imagem é também importante porque este livro foi adaptado à televisão em forma de telenovela e os leitores associam a imagem à novela que assistiram na televisão.
A imagem enquanto movimento é também factor que contrasta com o objecto livro que é estanque, algo que contém uma escrita, palavras impressas que nós nos adequamos para criar significados.
O texto da contracapa fala-nos da personagem Gabriela, do escritor Jorge Amado, o mais internacional dos escritores brasileiros, é uma boa sinopse na medida em que transporta o leitor a entrar dentro da história do livro e o cativa, sugestiona à sua leitura.
O texto conta com um comentário de Jean-Paul-Sartre acerca do romance "Gabriela, Cravo e Canela", o que traz ainda mais credibilidade literária a este romance brasileiro.
A editora Leya concretiza o romance de Jorge Amado em fenómeno de vendas reeditando-o após ter passado na televisão como novela.
Considero ser uma boa contracapa a muitos níveis:
A imagem a cores de umas pernas de mulher, descalça, correndo à chuva num chão alagado de água dá a ideia de movimento, de liberdade, ritmo. Esteticamente é uma imagem forte, simbólica que capta o olhar do leitor que associa essa imagem à personagem do livro, Gabriela, uma mulher que no romance de Jorge Amado encara a vida com desprendimento, que foge a convenções de sociedade em que reinava o puritanismo e as mulheres eram tidas como donas de casa para servir ao marido e ir à igreja rezar.
Esta imagem é também importante porque este livro foi adaptado à televisão em forma de telenovela e os leitores associam a imagem à novela que assistiram na televisão.
A imagem enquanto movimento é também factor que contrasta com o objecto livro que é estanque, algo que contém uma escrita, palavras impressas que nós nos adequamos para criar significados.
O texto da contracapa fala-nos da personagem Gabriela, do escritor Jorge Amado, o mais internacional dos escritores brasileiros, é uma boa sinopse na medida em que transporta o leitor a entrar dentro da história do livro e o cativa, sugestiona à sua leitura.
O texto conta com um comentário de Jean-Paul-Sartre acerca do romance "Gabriela, Cravo e Canela", o que traz ainda mais credibilidade literária a este romance brasileiro.
A editora Leya concretiza o romance de Jorge Amado em fenómeno de vendas reeditando-o após ter passado na televisão como novela.
terça-feira, 5 de novembro de 2013
Divulgação a pedido do professor António Granado.
Esta quinta-feira temos o privilégio de ter na Faculdade o escritor Mark Kramer, para falar sobre Jornalismo Narrativo. http://www.fcsh.unl.pt/media/noticias/destaques/conferencia-jornalismo-narrativo Trata-se de uma oportunidade única de ouvir falar uma das mais importantes vozes desta área nos Estados Unidos e podem, por isso, convidar outros colegas ou amigos, se assim entenderem. A conferência é de entrada livre e decorrerá no auditório 2 esta quinta-feira, 7 de Novembro, a partir das 18h00.
Saramago para Ondjaki
O escritor angolano Ondjaki foi galardoado com o Prémio Literário José Saramago 2013, pela obra Os Transparentes:
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
Um jovem parceiro da edição fala de capas
E, fazendo-o, fala de si - como todos nós fazemos. Aqui.
E «empurrou-me» para ver a sua página. (No canto do ecrã)
E «empurrou-me» para ver a sua página. (No canto do ecrã)
Em 2013 completam-se 120 anos sobre o nascimento de Almada Negreiros e 100 anos sobre a sua primeira exposição. No âmbito das comemorações em curso, nos dias 13, 14 e 15 de novembro a Fundação Calouste Gulbenkian acolherá o Colóquio Internacional Almada Negreiros, organizado pelo Projeto Modernismo…
cinemateca.PT http://www.cinemateca.pt/programacao.aspx?ciclo=317
Ernesto de Sousa entrevistado sobre o mixed-media "Almada, Um Nome de Gerra", 1970
domingo, 3 de novembro de 2013
Contracapa boa e contracapa má
Contracapa
boa:
Para
onde vão os guarda-chuvas, Afonso Cruz, Alfaguara
As capas dos livros da Alfaguara têm um
design coerente, inconfundível e, na minha opinião, muito bem conseguido. Essas
qualidades estendem-se às contracapas. Um dos exemplos mais recentes é o do
último romance de Afonso Cruz, Para onde
vão os guarda-chuvas.
Esta contracapa é constituída por três blocos
de texto diferentes, na forma e no conteúdo, mas todos eles com potencial para
atrair o leitor. O primeiro bloco enumera o currículo do autor em termos de
prémios literários conquistados. Poderia ter-se optado por referir algumas
obras anteriores de Afonso Cruz ou por colocar citações elogiosas de críticos
ou de outros autores, mas esta solução parece-me bastante razoável. O segundo
bloco de texto, em itálico, é um excerto do livro, nomeadamente aquele que
explica o (estranho) título do mesmo. O terceiro bloco resume o romance e
enumera as suas personagens mais importantes.
Tudo somado, considero este um bom exemplo de
uma boa contracapa. Tendo em conta a velocidade da vida moderna, talvez os
textos, nomeadamente o último, pudessem ser um pouco mais curtos, mas não me
parece que a sua extensão seja exagerada. E a mancha gráfica funciona bem.
Contracapa
má:
Memória
de Elefante, António Lobo Antunes, Dom Quixote
As contracapas dos livros de António Lobo
Antunes são constituídas exclusivamente pelo nome do autor e pela listagem de
todas as obras por ele publicadas, por ordem cronológica. Nessa listagem, a
obra em questão é destacada, utilizando uma cor diferente – neste caso
grafando-a a preto enquanto as restantes surgem em branco.
Na minha opinião, esta é uma contracapa que
só pode existir graças ao prestígio e à idiossincrasia do autor. Além de nada
revelar sobre o livro em causa, exceto a ordem em que surge no conjunto da obra,
é uma contracapa que rapidamente se desatualiza. Por exemplo, esta é uma edição
de 2008 e desde então António Lobo Antunes já lançou uma mão-cheia de novos
títulos.
Em suma, é uma contracapa que pode resultar
por ser de um livro de quem é, mas que dificilmente pode ser utilizada como
modelo para a feitura de contracapas da maior parte dos livros e da maior parte
dos autores.
sábado, 2 de novembro de 2013
Mia Couto distinguido com prémio internacional de literatura Neustadt
O escritor moçambicano Mia Couto foi distinguido com o prémio internacional de literatura Neustadt, atribuído de dois em dois anos pela Universidade de Oklahoma desde 1970, no valor de 50 mil dólares (37 mil euros).
http://www.publico.pt/cultura/noticia/mia-couto-distinguido-com-premio-internacional-de-literatura-neustadt-1611149
http://www.publico.pt/cultura/noticia/mia-couto-distinguido-com-premio-internacional-de-literatura-neustadt-1611149
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
Exercício de edição
Consegue melhorar este texto? É necessário/possível?
Se quiser tentar, copie e tente.
Se quiser tentar, copie e tente.
Não pretendo, como é óbvio, dar lições sobre os conceitos de Nação e de Estado. Em todo o caso, o Estado tende a ser, justamente, a correspondência política da comunidade de natureza histórica, cultural, religiosa e linguística que é a Nação.
Neste sentido, o Estado significa o conjunto de instituições que controlam e administram uma Nação, país soberano com estrutura própria e politicamente organizado, como decorre da definição que consta do Dicionário Houaiss.
Também não pretendo elaborar sobre uma evolução da história da criação do Estado que é longa, diversificada e complexa desde os tempos da proliferação de poderes e da justificação divina do poder até aos nossos dias.
Recorde-se, aliás, que parece possível dizer que a primeira manifestação histórica do Estado moderno foi o Estado absoluto, dado que teria sido nessa época histórica que foi abandonada a justificação divina do poder político.
O monarca deixou de ser "o dono" do Estado, para passar a ser o seu "primeiro servidor" cumprindo-lhe tudo fazer para prover a felicidade e o bem-estar dos súbditos (Cf. Reis Novais, Os Princípios Constitucionais Estruturantes, página 33).
Só mais tarde e de par com a evolução das próprias comunidades, foi sendo construído o Estado de direito liberal, o Estado de legalidade (material e formal) e o Estado social e democrático de direito que é fundado e delineado juridicamente nas Constituições Mexicanas de 1917 e de Weimar de 1919.
O modelo de Estado moderno assenta em dois pilares fundamentais: (i) o da limitação jurídica do poder e o (ii) das garantias e de protecção dos direitos individuais.
Apesar da evolução dos modelos de Estado (hoje fala-se de Estado de garantia, Estado de bem-estar, Estado regulador) uma coisa temos por certa: o direito modela, limita e garante que os diversos organismos do Estado, quando agem e proferem decisões, estão a acatar o quadro legal prevalecente encimado no topo da pirâmide pela Constituição.
Em Portugal e na sequência dos "desvarios" cometidos pelos anteriores governos, foi necessário combater a crise financeira e a crise das dívidas soberanas, para o que foi preciso celebrar um acordo internacional para nos emprestarem dinheiro.
Não dispúnhamos de fundos e os "mercados" não se mostravam disponíveis para nos emprestar mais do que já haviam emprestado. Estávamos em situação de pré-falência!
Os portugueses perceberam e interiorizaram esta situação. Aceitaram sem grande queixume os sacrifícios que lhes foram impostos. Eles sabiam e sentiam que só a sua capacidade de resignação e de "partilha" das suas próprias expectativas e direitos legítimos, seria susceptível de resolver o problema do País em que nasceram e onde querem continuar a viver.
Mas sabiam e, por isso pretendiam ter a certeza de que estes sacrifícios e estas "agressões" aos seus direitos e expectativas tinham limites.... os limites da lei!
A sua capacidade de aceitar de forma serena e tranquila a "violação" da sua esfera pessoal e patrimonial repousou em duas considerações fundamentais: (i) a de que ela era útil, e a de que (ii) não ultrapassaria os limites da razoabilidade, da proporcionalidade e da justiça, tal como definidas na Constituição.
Neste sentido, o povo português no seu conjunto tem sido um exemplo ímpar de capacidade, de tenacidade e de compreensão das razões que motivaram a situação "terrível" e "angustiante" em que vive.
Não compreendo, pois, que neste quadro se possa considerar legítima qualquer forma de "pressão" ou outra, sobre a eventual posição que o Tribunal Constitucional venha a tomar, no caso de ser eventualmente pedida a respectiva intervenção por parte de qualquer titular dessa competência.
Pois se, como vimos, o poder é limitado (e, bem) e se é o Tribunal Constitucional que pode (é titular dessa competência) verificar do cumprimento de tais limites é, naturalmente, perante ele que pode e deve ser suscitada tal apreciação.
O Estado de direito é assim! É uma garantia civilizacional de que não somos "pertença" do monarca; outrossim, devemos por ele ser "servidos".
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