domingo, 3 de novembro de 2013

Contracapa boa e contracapa má

Contracapa boa:

Para onde vão os guarda-chuvas, Afonso Cruz, Alfaguara

As capas dos livros da Alfaguara têm um design coerente, inconfundível e, na minha opinião, muito bem conseguido. Essas qualidades estendem-se às contracapas. Um dos exemplos mais recentes é o do último romance de Afonso Cruz, Para onde vão os guarda-chuvas.

Esta contracapa é constituída por três blocos de texto diferentes, na forma e no conteúdo, mas todos eles com potencial para atrair o leitor. O primeiro bloco enumera o currículo do autor em termos de prémios literários conquistados. Poderia ter-se optado por referir algumas obras anteriores de Afonso Cruz ou por colocar citações elogiosas de críticos ou de outros autores, mas esta solução parece-me bastante razoável. O segundo bloco de texto, em itálico, é um excerto do livro, nomeadamente aquele que explica o (estranho) título do mesmo. O terceiro bloco resume o romance e enumera as suas personagens mais importantes.

Tudo somado, considero este um bom exemplo de uma boa contracapa. Tendo em conta a velocidade da vida moderna, talvez os textos, nomeadamente o último, pudessem ser um pouco mais curtos, mas não me parece que a sua extensão seja exagerada. E a mancha gráfica funciona bem.


Contracapa má:

Memória de Elefante, António Lobo Antunes, Dom Quixote

As contracapas dos livros de António Lobo Antunes são constituídas exclusivamente pelo nome do autor e pela listagem de todas as obras por ele publicadas, por ordem cronológica. Nessa listagem, a obra em questão é destacada, utilizando uma cor diferente – neste caso grafando-a a preto enquanto as restantes surgem em branco.

Na minha opinião, esta é uma contracapa que só pode existir graças ao prestígio e à idiossincrasia do autor. Além de nada revelar sobre o livro em causa, exceto a ordem em que surge no conjunto da obra, é uma contracapa que rapidamente se desatualiza. Por exemplo, esta é uma edição de 2008 e desde então António Lobo Antunes já lançou uma mão-cheia de novos títulos.

Em suma, é uma contracapa que pode resultar por ser de um livro de quem é, mas que dificilmente pode ser utilizada como modelo para a feitura de contracapas da maior parte dos livros e da maior parte dos autores.


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