sexta-feira, 29 de novembro de 2013

TPZ — Contracapa boa / contracapa má


Contracapa boa

A editora Caminho-Leya renovou o grafismo da coleção dos livros infanto-juvenis da Alice Vieira, dando um novo impulso a obras que já têm alguns anos de catálogo e que já revelavam um aspecto usado e antiquado.
A contracapa do livro “Leandro, Rei da Helíria” contém um resumo adequado ao leitor alvo, embora a descrição biográfica esteja muito formal e com informação pouco relevante para os jovens leitores.

As obras desta autora, muito popular nas décadas de 80 e 90, ganharam uma nova unidade gráfica que vão permitir aumentar as vendas — o lettering no nome da autora, as cores e as ilustrações, tornam as obras mais ao gosto dos nossos dias. A ilustração da contracapa é direta e dinâmica e comunica, com eficácia, um acontecimento central da história.




Contracapa bera

O “Vegetarianismo, a solução para uma vida e um mundo melhor” tem uma contracapa má. A fotografia "tipo-passe" é desadequada e antiquada para o tipo de edição dos dias de hoje. A mancha gráfica é muito grande e o texto de má qualidade. O texto junta vegetais, Bach, Mendelsson, astrofísica, paz, imperadores e reis, sem focar no tema principal que é o vegetarianismo e a alimentação saudável.
A escolha das cores de fundo e do texto, ainda que relacionadas com o vegetarianismo, é demasiado óbvia e dificulta a leitura.

Vivian tem razão, há todo um mundo à solta por aí

Tropecei aqui e gostei. 

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Livreiros independentes apresentam queixa contra redes FNAC e Bertrand

"Mais de vinte livrarias entregaram uma queixa na Inspecção-Geral das Actividades Culturais (IGAC) contra as redes FNAC e Bertrand, por alegadamente violarem a lei do preço fixo do livro, disse à agência Lusa o livreiro Jaime Bulhosa."

http://www.publico.pt/cultura/noticia/livreiros-independentes-apresentam-queixa-contra-redes-fnac-e-bertrand-1613363

A propóito da última e da próxima aula: o comércio digial

E, ah, o sumário da última aula já está lançado. Ver sempre no início do blog.

Ver aqui O comentário do editor de economia do Expresso. 

terça-feira, 19 de novembro de 2013

O caso do artigo mal escrito

A pressa, a atribuição de responsabilidades a pessoas impreparadas por questões de poupança, etc. O resultado não é bom. Ora leiam:

Após quatro anos a insistir com o Ministério da Justiça para a necessidade de um despacho conjunto dos ministros da Justiça e das Finanças a fixar a remuneração dos membros do conselho directivo, a direcção do Instituto Nacional de Medicina Legal (INML) decidiu substituir-se à tutela. E pode ter sido esta a decisão que valeu o afastamento de Duarte Nuno Vieira, que, por decisão da ministra da Justiça Paula Teixeira da Cruz, cessou funções na semana passada, após 13 anos a dirigir o instituto.
Numa deliberação, em Setembro de 2011, ficou decidido que o presidente e dois vogais optavam por receber o vencimento do lugar de origem, tendo neste caso direito a um acréscimo de 35% sobre o salário base, como estava expressamente previsto na lei orgânica do instituto em vigor nessa altura. Como um dos vogais não escolheu este regime e o despacho conjunto não aparecia, os membros da direcção decidiram determinar o salário do colega.
Tanto a Inspecção-Geral dos Serviços de Justiça (IGSJ), a Inspecção-Geral das Finanças e a secretaria-geral do Ministério da Justiça concordam que a direcção não tinha competência para tomar essa decisão e que, por isso, a mesma é nula. Ou seja, não chegou a produzir efeitos jurídicos, o que obrigaria à reposição das verbas pagas.
Mas face à inexistência do dito despacho conjunto e ao critério usado pela direcção, que determinou o salário mínimo que os ministros estavam obrigados a aplicar, a própria Inspecção-Geral dos Serviços de Justiça defende que neste caso não deve haver reposição das verbas pagas, mas um despacho a rectificar a situação. Até porque o dinheiro era de facto devido. “Atendendo ao princípio da proporcionalidade é preferível emitir-se despacho conjunto que regularize a situação e não exigir-se a reposição de valores”, escreve a inspecção num relatório a que o PÚBLICO teve acesso.
Quanto ao facto de três dos membros da direcção terem optado pelo vencimento do lugar de origem, acrescido de 35%, as duas inspecções consideram que a decisão “não merecem qualquer censura”. Isto porque esta possibilidade decorria expressamente da lei orgânica do INML em vigor na altura e essa não previa a necessidade de, neste caso, haver um despacho conjunto. Contudo, a secretaria-geral do Ministério da Justiça considera que a deliberação de Setembro de 2011 é “inválida”, porque havia necessidade de despacho ministerial.
Já a IGSJ conclui, num relatório, que o “conselho directivo apenas se limitou a fazer acertos salariais, meros actos de gestão corrente, relativos a remunerações que estavam legal e previamente estabelecidas mas não estavam a ser percebidas devidamente pelos membros do conselho directivo”. A opinião é partilhada pela Inspecção-Geral das Finanças.
"No período compreendido entre Maio de 2007 e Maio de 2011, o INML suscitou à tutela, por diversas vezes, que, através de despacho conjunto dos ministros das Finanças e da Justiça fosse fixada a remuneração dos membros do conselho directivo, tendo, contudo, a tutela recusado emitir tal despacho", nota ainda a IGSJ. 
Nenhum dos relatórios a que o PÚBLICO teve acesso quantifica os montantes em causa, fazendo apenas um deles referência aos salários base pagos aos quatro membros da direcção do INML em Outubro de 2010 e que variavam entre 5.523 euros (presidente) e 3.948 euros (auferidos pelo vogal que recusou ficar com o vencimento de origem).  
As duas inspecções analisaram ainda a legalidade das despesas de representação –que em 2010 variavam entre os 1471 euros e os 556 euros- , mas aqui as posições divergem. A IGSJ considera que os membros que optaram pela remuneração do lugar de origem têm direito a despesas de representação até ao limite do vencimento do primeiro-ministro, apenas não tendo este direito o membro que não escolheu aquele regime. a Inspecção-Geral das Finanças e a secretaria-geral do Ministério da Justiça sustentam que os valores pagos “são indevidos”,que seria necessário um despacho conjunto para que a direcção do INML os pudesse receber, o que nunca veio a acontecer.
Contactado pelo PÚBLICO, Duarte Nuno Vieira disse encontrar-se no Brasil até quarta-feira, não querendo fazer comentários sobre o seu afastamento. Já Francisco Corte-Real, que assumiu provisoriamente a presidência do instituto na sequência do afastamento de Duarte Nuno, remeteu qualquer explicação para o gabinete de Paula Teixeira da Cruz. Contactado pelo PÚBLICO, a assessoria de imprensa da ministra não quis fazer comentários sobre este assunto.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O circuito da edição numa breve ficção, por César Adão



 O outono instalou-se na cidade de Lisboa. Numa pequena sala de um apartamento no Saldanha, os sons nocturnos da cidade chegavam abafados. Uma autora nunca publicada estava prestes a concluir o seu manuscrito, mas vivia uma última crise criativa. Na página número 432 desse manuscrito, desenrolava-se a seguinte cena:
«1456. Há dezasseis dias que a expedição partira de Lisboa, enviada pelo Infante D. Henrique. Eram três caravelas, capitaneadas por Diogo Gomes. Na primeira caravela a avistar uma das ilhas do arquipélago que viria a ser baptizado com o nome de Cabo Verde, a tripulação debatia-se com sentimentos contraditórios. O assombro perante a expectativa de uma descoberta iminente misturava-se com um rol de enigmáticas experiências sensoriais, que a tripulação atribuía ao domínio do sobrenatural: os sons do mar e da costa eram difusos, e por momentos fazia-se um silêncio tal que todos julgavam ter ficado surdos; o próprio mar e o céu desapareciam e voltavam a aparecer com uma nova configuração, e ora se mostravam exuberantes , ora pardacentos. Estiveram horas assim. »
A autora ultrapassa o bloqueio criativo com um acesso de fulgor e exuberância.
«E eis que surge a barlavento uma embarcação de piratas mouros. A abordagem está presa por momentos. A aproximação foi furtiva e silenciosa. A batalha anuncia-se. »
O manuscrito está pronto e é enviado para uma editora. Mantém-se durante dois meses numa pilha de dezenas de outros manuscritos. Resgatando-o dessa pilha, uma assistente editorial lê-o, de uma assentada, numa noite de inverno, e está decidida a propôr a sua publicação na reunião do dia seguinte.
«As águas agitaram-se e todo o mundo tremeu. Mouros e cristãos suspenderam o inícia da sua refrega sangrenta. Sem saberem bem porquê, uns e outros sentiram que a sorte de todos se jogaria nos momentos seguintes, como se cada um dos seus deuses lhes falasse ao coração. E assim se deixaram ficar ao sabor das vagas. Havia tempo para dar vazão às lâminas e mosquetes. Os deuses falam antes dos homens.»
 E nem um silvo se escutava na página 441. Enquanto isso, na reunião da editora, o futuro do manuscrito era decidido.
«Júpiter, o mais antigo e importante dos deuses, chamara os seus pares ao Olimpo, para decidir sobre o futuro dos portugueses. E como falou primeiro, deixou clara a sua posição: esse povo bravo, que sobreviveu a inúmeras provações, demonstrou já que merece a sorte, pois esta deve sorrir aos audazes».
O Sr. Ferreira, director do departamento editorial começa por defender que a editora deve apostar num romance histórico de um novo autor português, porque os sinais do mercado apontam para uma boa receptividade do género, e é também a altura oportuna para usufruir de um fundo estatal, que por intermédio de uma Comissão Comemorativa de uma efeméride histórica, se encontra disponível.
«Baco, petulante e temperamental, insurge-se. A inveja corrói os seus sentimentos para com a expedição Lusitana. Se os portugueses afrontam os deuses, na sua condição de mortais, devem conhecer a sua ira. O seu destino só pode ser a morte, a única pena justa para a sua afronta.»
O Marcelo, assistente editorial, esboça um protesto. As suas sugestões editoriais serão relegadas para segundo plano, caso a publicação deste romance histórico seja aprovada. Argumenta que o mercado está saturado de romances históricos, e que nada lhes diz que este venha a ter sucesso.
«Júpiter concede a palavra final a Vénus, que sente que a epopeia dos povo português deverá ser ditosa.»
 A Joana, assistente editorial, é chamada a defender o porquê da sua escolha. Nas suas palavras, o romance é consistente. Evoca a coragem de um povo. Tem personagens grandiosas e cenários luxuriantes. É uma metáfora do nosso tempo. A história de um povo oprimido e encurralado que soube superar-se. E a argumentação vinga. A publicação é aprovada.
 O romance é submetido a outro editor, que depois de o analisar o remete de novo para a autora, com as devidas sugestões.  A autora, à luz do candeeiro, na sua sala daquele apartamento no Saldanha, refaz certas passagens. Burila algumas passagens e descrições. E no manuscrito sucede o seguinte:
«No retorno à Pátria, vivem-se momentos de terror. A tripulação acordou para um novo dia com novas roupas e novas formas de falar. O aspecto da caravela alterara-se durante a noite. A própria costa, palmilhada com o rigor de anos de navegação por cabotagem parecia, à vinda, estar diferente. O capitão não disfarçou o seu pavor: deitou ao mar sextantes e astrolábios, acusando os cartógrafos de bruxaria. E a tripulação das três caravelas andava taciturna, convencida que o próprio diabo montara vigília a essa empresa.»
Um revisor, semanas depois, trabalha o manuscrito. Esfrega os olhos que lhe ardem, quando termina a tarefa, e reenvia o trabalho à editora. E assim sucede no interior do manuscrito, quando a expedição já se encontra ao largo da costa do Alentejo:
«Havia na caravela um grumete de Setúbal que se exprimia mal. Cada palavra sua saía açoitada e deformada, e era alvo de chacota de todos quanto o escutavam. Sempre que falava, alguém o corrigia, poir entre risos e zombaria. Nessa tarde, depois de uma sesta à socapa no interior de um bote, surgiu a falar bem. E perante o assombro de todos quanto o ouviam, a sua expressão saía clara e fluida, como a de um lente de uma universidade. Vendo nesta ocorrência mais um manifesto do maligno, o capitão voltou a perder a paciência, e antes que o próprio diabo espantasse e amotinasse as três caravelas, ordenou que o grumete fosse mandado para o porão a pão e água, onde ficou até ao fim da viagem sem perceber o que lhe sucedera. Quando chegou a Lisboa, era o único a sofrer dos primeiros sintomas de escorbuto.»
 O manuscrito está agora ao cuidado de um paginador, que lhe decide a fonte, o tamanho e a forma como se espraia por cada uma das páginas em branco, no monitor do seu posto. Esta etapa é sentida da seguinte forma, na nossa já conhecida aventura:
«Tendo a nossa frota regressado a Portugal, estava um dos marinheiros no cenário idílico da Serra da Arrábida. Ao seu lado estava a sua amada, e brincavam a adivinhar a forma das nuvens, deitados de costas. Ela pedia-lhe que prometesse que não voltaria ao mar, e ele respondia que para se casaram ele teria de voltar a desafiar os abismos do mar, em busca de fortuna. Ela ficou triste e permaneceram em silêncio. Ela perguntou-lhe o que julgava ele ver numa nuvem que passava ao largo. Ele respondeu que a nuvem parecia zangada, e que por isso via nela o pai da rapariga, se descobrisse que andavam os dois sós a passear pela Serra. Riram.»
 Nesse momento, o paginador decide separar os amantes de página.
«O marinheiro pegou por instantes no sono, e quando acordou viu-se sozinho, na serra imensa. Chamou-a, mas ela não respondeu. Sentiu uma enorme solidão. Pensou que talvez fosse esse mesmo o seu destino. A solidão de todas as serras e mares. Decidiu voltar a Lisboa. Em breve haveria novas expedições e convinha andar por perto quando fosse tempo de embarcar.»
Fazendo horas extraordinárias, o departamento de marketing reúne com o desiger da capa e da contracapa. Discute-se o aspecto gráfico do livro que irá nascer, os seus canais de promoção, a melhor forma de falar ao seu público-alvo. Discute-se o timing certo para o colocar nas livrarias e que materiais deverão acompanhar a publicação: marcador, posters, roll up. Discute-se, enfim, a fórmula certa para vender o futuro livro. E sucede nas páginas do manuscrito o seguinte:
«Eneias, que acompanhava por benção de El Rei todas as viagens dos portgueses a terras ignotas, recolheu cansado ao leito, numa noite em que a lua se escondia e o mar se mostrava monótono. Teve estranhos sonhos.  Sonhou com uma reunião de trabalho, no futuro, em que se passara horas a discutir a melhor forma de vender um livro. No dia seguinte contou o seu sonho a outro comerciante que viajava na caravela.
- E ficaram horas nisto. A discutir como se vende um livro.
- Um livro? Como a bíblia, da Santa Missa?
- Um livro, sim. Mas em vez de saírem, de o venderem, ficaram horas sentados, a falar sobre a melhor forma de o fazerem.
- Ora, o mar confunde qualquer um, e o inimigo arma estranhas feitiçarias ao abrigo do sonho.»
Certo dia, Júpiter, perdão, o Sr. Ferreira, Director Editorial, convocou uma reunião de emergência. A Comissão Comemorativa nomeada pelo estado suspendera o pagamento de uma prestação do dinheiro que serviria para custear a edição do livro, e rebentara na imprensa um escândalo pelo desvio de fundos nessa mesma Comissão. Até que a situação fosse resolvida, o trabalho editorial em torno do livro ficaria suspenso.
«A expedição achava-se de novo em terra. Um espião pusera o capitão ao corrente de ordens de El Rei para voltarem à Pátria. Reis e mercadores não chegavam a acordo para o financiamento de novas viagens. A tripulação deixou-se ficar por terra, a embebedar-se, por casas e bairros mal afamados. E passaram nisto semanas. Um dia, um dos marinheiros é despertado a balde de água por uma prostituta, no Cais do sodré. Ela anuncia-lhe, com rasgado sorriso, que é tempo de ele voltar a partir. Diz-se pela cidade que um rico comerciante de Génova custeou uma nova expedição, e o povo de Lisboa, ocioso, já pára pela Ribeira das Naus, a assistir aos preparos de uma nova aventura.»
O livro chega finalmente à gráfica. O barulho das máquinas é ensurdecedor: impressoras, guilhotinas, encadernadoras e empilhadoras. Fazem e imprimem chapas e cadernos, cortam rente, cosem, compilam, fecham.  Uma enorme guilhotina surge, num momento importante do livro.
«E estavam em torno de uma mesa, graves, portugueses e espanhóis. Discutiam há horas. As comitivas de ambos os lados dividiam a desconfiança dos seus olhares pelas cartas do mundo dispostas na mesa e pela comitiva contrária. O acordo estava iminente. De repente, uma enorme lâmina surgiu do céu, e foi cortar ao meio a sala, a mesa e o mapa do mundo, dividindo portugueses e espanhóis que fugiam com grande temor e tumulto para cada lado. E todos acharam que o sucedido se devia à ira divina, que vinha castigar a cobiça dos dois povos, que se achavam no direito de dividir entre si, a meias, os despejos da obra de Deus.»
E sucedeu também assim, quando a obra começou a ser reproduzida:
«Numa noite calma, um marinheiro combatia os solavancos da caravela com o gosto azedo de uma garrafa de zurrapa. Não havia nada a vigiar. A escuridão engolia o mar e o céu. De repente, o marinheiro teve uma visão que o iria perseguir para o resto dos seus dias: viu passar ao largo da caravela uma caravela em toda igual à sua. Mas o maior terror foi quando se viu a si próprio, pálido e espantado, de garrafa na mão, a olhar para o lado de cá, na caravela que passava. E quando tentou esquecer o sucedido, atribuindo a isto o efeito da má qualidade da zurrapa, sucedeu o mesmo uma e outra vez, até que o marinheiro fugiu para o ponto mais profundo do convés. Não sonhou sequer em relatar o que aconteceu ao capitão, que do alto da sua cólera ainda havia de largar borda fora toda a pinga da caravela, e de o deixar dias e noites no porão, a pão e água.»

O percurso do livro

Este é o link para uma pequena apresentação animada que fiz sobre o que poderá ser percurso do livro, pedida como trabalho de casa.

http://prezi.com/yi2oh5kwyhmg/pelos-caminhos-do-livro/?utm_campaign=share&utm_medium=copy

Por falar em booktrailer...

... aqui está algo completamente diferente.

Um booktrailer português para a aula de hoje

Do livro Atlas do Corpo e da Imaginação. Ver aqui.

E um exercício facultativo:
Gosta? Não gosta? Diga (pense) porquê?
Adequa-se ao livro? A público-alvo? À imagem do autor e da editora? 

Atlas do Corpo e da Imaginação

Novo (e, ao que parece, ambicioso) livro de Gonçalo M. Tavares, amanhã nas livrarias.

Traduzir ou transcriar?

"FEIO. Depois de tantas infidelidades do marido, de tantas histórias dolorosas com a polícia, Teresa diz: «Praga tornou-se feia». Há tradutores que pretendem substituir a palavra feio pelas palavras «horrível» ou «insuportável». Parece-lhes ilógico reagir a uma situação moral com um juízo estético. Mas a palavra feio é insubstituível: a fealdade omnipresente do mundo moderno, misericordiosamente velada pela habituação, aparece brutalmente no mais ínfimo dos nossos momentos de desânimo." Milan Kundera, «Sessenta e Sete Palavras», A Arte do Romance, Dom Quixote, Lisboa, 1988.

sábado, 16 de novembro de 2013

Ainda sobre capas

Temos comparado capas e contra-capas de livros diferentes, apontando os respectivos pontos fracos e os fortes. Proponho agora um exercício ligeiramente diferente. Nesta entrada do Brain Pickings, encontramos diferentes capas de um do mais controversos romances do séc. XX, Lolita de Nabokov, além de uma citação do próprio autor: "I want pure colors, melting clouds, accurately drawn details, a sunburst above a receding road with the light reflected in furrows and ruts, after rain. And no girls. … Who would be capable of creating a romantic, delicately drawn, non-Freudian and non-juvenile, picture for LOLITA (a dissolving remoteness, a soft American landscape, a nostalgic highway—that sort of thing)? There is one subject which I am emphatically opposed to: any kind of representation of a little girl.". Neste caso, Nabokov tem uma ideia concreta sobre o tipo de capa adequado a Lolita.

Deste conjunto de capas, a melhor parece-me ser a de Jamie Keenan; consegue criar um ambiente paradoxal, de inocência/perversidade, através do tom mais rosa da parede de um presumível quarto, o pormenor do vértice do tecto e paredes, ocultando o panorama geral da divisão; nada é mostrado, apenas induzido. 


O interesse renovado por livros impressos

Apesar de as vendas de livros digitais continuarem a crescer no Reino Unido, há um renovado interesse por livros impressos, principalmente por primeiras edições. 

http://www.bbc.co.uk/news/business-22731453

Luis Goytisolo vence Premio Nacional de las Letras

«Concedido pelo Ministerio de Educación, Cultura y Deporte de Espanha, o académico Luis Goytisolo foi o grande vencedor este ano do Premio Nacional de las Letras, uma das principais distinções literárias do país vizinho.

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=668718

Alemã Johanna Benz vence Ilustrarte 2014


A VI Bienal Internacional de Ilustração para a Infância – Ilustrarte elegeu os trabalhos da alemã Johanna Benz como os melhores de entre os 1980 ilustradores a concurso nesta edição.



http://blogtailors.com/7024476.html

Oxford University Press and the Making of a Book

Como fazer um livro em 1925?
















http://www.youtube.com/watch?v=sW7wsXuw2cI&feature=youtu.be


Oxford University Press


http://www.youtube.com/watch?v=o3rejzIqRn8

domingo, 10 de novembro de 2013

por FCSH

Na sequência da parceria estabelecida com o Lisbon & Estoril Film Festival (LEFFEST), a FCSH/NOVA tem dois bilhetes duplos para oferecer para cada um dos 12 filmes em competição, num total de 48 entradas. Para participar basta ser nosso amigo no Facebook e responder ao questionário em baixo (ver hiperligação), indicando sempre o seu nome. As duas primeiras respostas certas para cada filme ganham um bilhete duplo (para o filme sobre o qual responderam), que deve ser levantado na bilheteira uma hora antes do espectáculo

FCSH/NOVA leva-te ao cinema à borla!

   FCSH/NOVA leva-te ao cinema à borla!

blog.fcsh.unl.pt

A 7.ª edição do LEFFEST decorre ao longo de 10 dias, de 8 a 18 de Novembro, e conta com mais de 150 filmes em cartaz.
A FCSH/NOVA leva-te ao cinema à borla!
blog.fcsh.unl.pt

A 7.ª edição do LEFFEST decorre ao longo de 10 dias, de 8 a 18 de Novembro, e conta com mais de 150 filmes em cartaz.

sábado, 9 de novembro de 2013

Muita atenção! Não só investigadores como diretores de bibliotecas andam a ser confrontados com perguntas sobre editoras de revistas e livros eletrónicos que aliciam investigadores a publicarem nas respetivas plataformas.
Sugiro a consulta do site (http://scholarlyoa.com/publishers/) para esclarecimento de muitas das questões que têm sido colocadas.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Texto de contracapa para O Processo, de Franz Kafka

«Alguém deve ter caluniado Josef K., pois uma manhã, sem que tivesse feito algo de mal, foi preso.» A história do protagonista de O Processo começa mal e, pressentimo-lo ao longo do livro, tem tudo para acabar ainda pior. Detido e julgado sem nunca chegar a saber porquê, Josef K. é uma vítima da burocracia e é, sobretudo, alguém com quem o leitor, mesmo o de hoje, se consegue facilmente identificar. É essa atualidade que torna esta obra de Franz Kafka tão pertinente agora como quando foi publicada pela primeira vez, em 1925.

Franz Kafka nasceu em Praga, em 1883, e faleceu nos arredores de Viena, em 1924. Em vida, o escritor de língua alemã publicou apenas uma pequena parte da sua obra, com destaque para contos como O Veredicto, A Metamorfose e Na Colónia Penal. Só após a sua morte é que, por iniciativa do seu amigo Max Brod, veio a lume a maior parte dos seus escritos, incluindo os três romances que deixou inacabados: O Processo, O Castelo e O Desaparecido.

«Para fazer justiça à figura de Kafka na sua pureza e na sua beleza peculiar, não podemos perder uma coisa de vista: é a pureza e a beleza de um fracasso.»
Walter Benjamin

«Com o seu maravilhoso poder imaginativo, Kafka descreveu os futuros campos de concentração, a futura instabilidade da lei, o futuro absolutismo do Apparat de estado.»
Bertold Brecht

«Toda a arte de Kafka consiste em forçar o leitor a reler.»
Albert Camus

Contracapa "O Nome da Rosa" de Umberto Eco - Contracapa má.

"O Nome da Rosa", Umberto Eco, Difel.


Esta é uma contracapa com vários aspectos do que uma contracapa não deveria ser.
A cor de fundo é de mau gosto, um verde tropa que fica mal a qualquer romance que se preze.
A fotografia é a preto e branco, o que poderia ser adequada, embora uma fotografia a cores fosse o ideal, mas não é o caso, pois traduz uma imagem austera e sem graça onde o tom preto é muito carregado, saturado e o autor, figura central nesta contracapa acaba por ser neutro em relação ao conteúdo do livro. É uma imagem de Umberto Eco como escritor e professor de semiótica e não como romancista de tão magistral obra literária e que tanto vendeu.
A sinopse é desadequada, mal formulada e curta, pois só refere que onde nasceu, quando se licenciou e a tese que defendeu academicamente. Não faz referência à história que conta o livro, algo que leve os leitores a se identificarem com o assunto, personagens e ficção, apenas diz que é o seu primeiro romance e que é brilhante sem explicar o como, o onde e o porquê.
Não cativa o leitor a comprar o livro, pois mais parece tratar-se de uma tese de doutoramento que um romance.

Contracapa do Romance de Jorge Amado, "Gabriela, Cravo e Canela" - Boa Contra Capa.

"Gabriela, Cravo e Canela", de Jorge Amado, Leya.

Considero ser uma boa contracapa a muitos níveis:
A imagem a cores de umas pernas de mulher, descalça, correndo à chuva num chão alagado de água dá a ideia de movimento, de liberdade, ritmo. Esteticamente é uma imagem forte, simbólica que capta o olhar do leitor que associa essa imagem à personagem do livro, Gabriela, uma mulher que no romance de Jorge Amado encara a vida com desprendimento, que foge a convenções de sociedade em que reinava o puritanismo e as mulheres eram tidas como donas de casa para servir ao marido e ir à igreja rezar.
Esta imagem é também importante porque este livro foi adaptado à televisão em forma de telenovela e os leitores associam a imagem à novela que assistiram na televisão.
A imagem enquanto movimento é também factor que contrasta com o objecto livro que é  estanque, algo que contém uma escrita, palavras impressas que nós nos adequamos para criar significados.
O texto da contracapa fala-nos da personagem Gabriela, do escritor Jorge Amado, o mais internacional dos escritores brasileiros, é uma boa sinopse na medida em que transporta o leitor a entrar dentro da história do livro e o cativa, sugestiona à sua leitura.
O texto conta com um comentário de Jean-Paul-Sartre acerca do romance "Gabriela, Cravo e Canela", o que traz ainda mais credibilidade literária a este romance brasileiro.
A editora Leya concretiza o romance de Jorge Amado em fenómeno de vendas reeditando-o após ter passado na televisão como novela.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Divulgação a pedido do professor António Granado.

Esta quinta-feira temos o privilégio de ter na Faculdade o escritor 
Mark Kramer, para falar sobre Jornalismo Narrativo.
 
http://www.fcsh.unl.pt/media/noticias/destaques/conferencia-jornalismo-narrativo
 
Trata-se de uma oportunidade única de ouvir falar uma das mais 
importantes vozes desta área nos Estados Unidos e podem, por isso, 
convidar outros colegas ou amigos, se assim entenderem.
 
A conferência é de entrada livre e decorrerá no auditório 2 esta 
quinta-feira, 7 de Novembro, a partir das 18h00.

Também é parte do jogo

Saramago para Ondjaki

O escritor angolano Ondjaki foi galardoado com o Prémio Literário José Saramago 2013, pela obra Os Transparentes:

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Um jovem parceiro da edição fala de capas

E, fazendo-o, fala de si - como todos nós fazemos. Aqui.
E «empurrou-me» para ver a sua página. (No canto do ecrã)

Exercício de pontuação

Ferreira Fernandes, aqui
Em 2013 completam-se 120 anos sobre o nascimento de Almada Negreiros e 100 anos sobre a sua primeira exposição. No âmbito das comemorações em curso, nos dias 13, 14 e 15 de novembro a Fundação Calouste Gulbenkian acolherá o Colóquio Internacional Almada Negreiros, organizado pelo Projeto Modernismo…

www.youtube.com
Ernesto de Sousa entrevistado sobre o mixed-media "Almada, Um Nome de Gerra", 1970
 

domingo, 3 de novembro de 2013

Contracapa boa e contracapa má

Contracapa boa:

Para onde vão os guarda-chuvas, Afonso Cruz, Alfaguara

As capas dos livros da Alfaguara têm um design coerente, inconfundível e, na minha opinião, muito bem conseguido. Essas qualidades estendem-se às contracapas. Um dos exemplos mais recentes é o do último romance de Afonso Cruz, Para onde vão os guarda-chuvas.

Esta contracapa é constituída por três blocos de texto diferentes, na forma e no conteúdo, mas todos eles com potencial para atrair o leitor. O primeiro bloco enumera o currículo do autor em termos de prémios literários conquistados. Poderia ter-se optado por referir algumas obras anteriores de Afonso Cruz ou por colocar citações elogiosas de críticos ou de outros autores, mas esta solução parece-me bastante razoável. O segundo bloco de texto, em itálico, é um excerto do livro, nomeadamente aquele que explica o (estranho) título do mesmo. O terceiro bloco resume o romance e enumera as suas personagens mais importantes.

Tudo somado, considero este um bom exemplo de uma boa contracapa. Tendo em conta a velocidade da vida moderna, talvez os textos, nomeadamente o último, pudessem ser um pouco mais curtos, mas não me parece que a sua extensão seja exagerada. E a mancha gráfica funciona bem.


Contracapa má:

Memória de Elefante, António Lobo Antunes, Dom Quixote

As contracapas dos livros de António Lobo Antunes são constituídas exclusivamente pelo nome do autor e pela listagem de todas as obras por ele publicadas, por ordem cronológica. Nessa listagem, a obra em questão é destacada, utilizando uma cor diferente – neste caso grafando-a a preto enquanto as restantes surgem em branco.

Na minha opinião, esta é uma contracapa que só pode existir graças ao prestígio e à idiossincrasia do autor. Além de nada revelar sobre o livro em causa, exceto a ordem em que surge no conjunto da obra, é uma contracapa que rapidamente se desatualiza. Por exemplo, esta é uma edição de 2008 e desde então António Lobo Antunes já lançou uma mão-cheia de novos títulos.

Em suma, é uma contracapa que pode resultar por ser de um livro de quem é, mas que dificilmente pode ser utilizada como modelo para a feitura de contracapas da maior parte dos livros e da maior parte dos autores.


sábado, 2 de novembro de 2013

Mia Couto distinguido com prémio internacional de literatura Neustadt

O escritor moçambicano Mia Couto foi distinguido com o prémio internacional de literatura Neustadt, atribuído de dois em dois anos pela Universidade de Oklahoma desde 1970, no valor de 50 mil dólares (37 mil euros).


http://www.publico.pt/cultura/noticia/mia-couto-distinguido-com-premio-internacional-de-literatura-neustadt-1611149